15 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: O DESAFIO NO CONTROLE DAS DOENÇAS CRÔNICAS NA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA LUIZA VANESSA DA SILVA, EM MOSSORÓ, RN.

 

ESPECIALIZANDO: ISVAN FELIPE GUTIERREZ NAVAS

ORIENTADOR: MARIA BETANIA MORAIS DE PAIVA

COLABORADORES: ENFERMEIRA, AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE, DENTISTA E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM.

 

Esse capítulo traz o relato de experiência sobre a microintervenção realizada na Unidade Básica de Saúde (UBS) Luiza Vanessa da Silva, sobre os requisitos mínimos do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade na Atenção Básica (PMAQ/AB), referente ao atendimento e controle das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) como a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM), doenças que mais acometem os usuários da unidade de saúde.

As DCNT são responsáveis por 63% das causas de morte no mundo e em função da sua magnitude e importância, em 2011, foi aprovada a Declaração Política na Reunião de Alto Nível das Nações Unidas, quando se estabeleceu o compromisso dos países membros por seu enfrentamento (MALTA et al, 2014).

No Brasil, também predominam as DCNT como principais causas de morte, responsáveis por 72% dos óbitos, em grande parte resultantes de quatro grupos de doenças: a saber: doenças cardiovasculares, cânceres, DM e respiratórias crônicas (BRASIL, 2011).

Em 2011, no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT no Brasil, de 2011 a 2022, foram incluídas ações para o enfrentamento dessas doenças e de seus principais fatores de risco modificáveis como:  tabagismo, alimentação inadequada, inatividade física, consumo abusivo de bebidas alcoólicas. O Plano ainda define ações para redução da carga de DCNT e seus fatores de risco. As evidências apontam que as DCNT podem ser largamente prevenidas por meio de ações de promoção de saúde (BRASIL, 2011).

Portanto, para saber se a UBS realiza o controle eficiente das DCNT foi convocada uma reunião com a equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF) para avaliarmos os critérios de atendimento do PMAQ/AB. Estiveram presentes nessa reunião a enfermeira, os técnicos de enfermagem e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), para que fosse respondido o seguinte questionário:

 

 

Em relação às pessoas com HIPERTENSÃO ARTERIAL

Em relação às pessoas com DIABETES MELLITUS

QUESTÕES

SIM

NÃO

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta para pessoas com hipertensão e/ou diabetes mellitus?

 

X

 

X

 

Normalmente, qual é o tempo de espera (em número de dias) para a primeira consulta de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes na unidade de saúde?

 

01 dia

 

01 dia

 

A equipe utiliza protocolos para estratificação de risco dos usuários com hipertensão?

 

X

 

 

 

A equipe avalia a existência de comorbidades e fatores de risco cardiovascular dos usuários hipertensos?

 

X

 

 

 

A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?

 

 

 

 

 

X

 

Em relação ao item “A equipe possui registro de usuários com diabetes com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe utiliza alguma ficha de cadastro ou acompanhamento de pessoas com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus?

 

 

X

 

X

 

A equipe realiza acompanhamento de usuários com diagnóstico de doença cardíaca para pessoas diagnosticadas com hipertensão arterial?

 

X

 

 

 

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com hipertensão arterial sistêmica em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

X

 

 

 

A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?

 

X

 

 

 

Em relação ao item “A equipe possui registro dos usuários com hipertensão arterial sistêmica com maior risco/gravidade?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe coordena a fila de espera e acompanhamento dos usuários com hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes que necessitam de consultas e exames em outros pontos de atenção?

 

X

 

X

 

A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?

 

 

 

X

 

X

 

Em relação ao item “A equipe possui o registro dos usuários com hipertensão e/ou diabetes de maior risco/gravidade encaminhados para outro ponto de atenção?”, se sua resposta foi SIM, existe documento que comprove? Compartilhe um modelo (em branco) no fórum do módulo e troque experiências com os colegas de curso.

A equipe programa as consultas e exames de pessoas com diabetes mellitus em função da estratificação dos casos e de elementos considerados por ela na gestão do cuidado?

 

 

 

X

 

A equipe realiza exame do pé diabético periodicamente nos usuários?

 

 

 

X

 

A equipe realiza exame de fundo de olho periodicamente em pessoas com diabetes mellitus?

 

 

 

X

 

EM RELAÇÃO À ATENÇÃO À PESSOA COM OBESIDADE

 

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza avaliação antropométrica (peso e altura) dos usuários atendidos?

X

 

Após a identificação de usuário com obesidade (IMC≥ 30 kg/m2), a equipe realiza alguma ação?

X

 

Se SIM no item anterior, quais ações?

QUESTÕES

SIM

NÃO

Realiza o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Oferta ações voltadas à  atividade física

X

 

Oferta ações voltadas à alimentação saudável

X

 

Aciona equipe de Apoio Matricial (NASF e outros) para apoiar o acompanhamento deste usuário na UBS

X

 

Encaminha para serviço especializado

X

 

Oferta grupo de educação em saúde para pessoas que querem perder peso

X

 

 

          

Durante a reunião, foi possível identificar como potencialidade a disposição de todos os profissionais envolvidos a responderem as perguntas e pesquisando em suas fichas de atendimento os dados relativos às DCNT. Essa reunião foi muito produtiva, pois foi possível identificar como esse atendimento prestado pela equipe interfere de maneira positiva na vida dos portadores dessas doenças.

            Como dificuldade apresentada, houve os relatos dos Agentes Comunitários de Saúde em oferecer alguma orientação durante as visitas domiciliares, pois afirmaram serem questionados pelos pacientes hipertensos sobre quais alimentos são bons para hipertensão ou qual atividade física praticar. Dessa forma, podemos perceber que essa dificuldade deve ser resolvida através de um treinamento/ capacitação da equipe para melhor atender a esses hipertensos.

            De fato a ESF Luiza Vanessa da Silva tem verificado que a demanda de hipertensos vem aumentado nos últimos meses, principalmente em idosos e os que já são diagnosticados com a doença apresentam dificuldades para aderir ao tratamento não medicamentoso, que inclui um estilo de vida saudável por meio da prática de atividades físicas e alimentação saudável, preconizadas pelo Ministério da Saúde (MS).

A HAS é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, assim estima-se que 54% dos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e 47% dos Infartos Agudos do Miocárdio (IAM) estejam relacionados a elevados níveis pressóricos. Aproximadamente 1 bilhão de pessoas viviam com a hipertensão em 2000, valor que deve aumentar 60% em pouco mais de duas décadas e chegar a 1,56 bilhão em 2025, sendo também a HAS responsável por cerca de 7,1 milhões de mortes ao ano no mundo (ZATTAR et al, 2013).

            Portanto, uma atividade que considero exitosa é a realização de encontros de educação em saúde com grupos de hipertensos que acontecem uma vez ao mês, tratando de temas sobre a doença e sua prevenção e controle. Mas achei necessário implementar uma educação em saúde que possa ser realizada mais vezes e que toda a equipe possa participar, seja na sala de espera ou nas visitas domiciliares.

            Assim, essa microintervenção poderá contribuir para o desenvolvimento de ações educativas sobre alimentação saudável e atividade física como estratégias capazes de reduzir e/ou controlar os níveis pressóricos de pacientes idosos com hipertensão arterial atendidos na unidade, além do treinamento da equipe.

Espera-se com a continuação dessa microintervenção, contribuir para ampliar os conhecimentos da equipe multidisciplinar da ESF, pois esta receberá treinamento para melhorar o acolhimento aos hipertensos que frequentam a unidade onde ainda não dispomos de projetos semelhantes voltados para essa população.

 

 REFERÊNCIAS :

BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022 [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.

MALTA, Deborah Carvalho et al. Prevalência de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em adultos: estudo transversal, Brasil 2012. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2014, v. 23, n. 4, 2014.

ZATTAR, Luciana Carmen et al. Prevalência e fatores associados à pressão arterial elevada, seu conhecimento e tratamento em idosos no sul do Brasil. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro ,  v. 29, n. 3, p. 507-521,  Mar.  2013. 

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