9 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

 TÍTULO: DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA MINHA UNIDADE   BÁSICA DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

 ESPECIALIZANDO: Isnayeisi Bernal Rodriguez.

 ORIENTADORA: Maria Betânia Morais De Paiva.

 

     Os serviços de Saúde, em sua organização, têm a finalidade de garantir acesso e qualidade às pessoas. A Atenção Básica (AB) em sua importante atribuição de ser a porta de entrada do sistema de Saúde, tem o papel de reconhecer o conjunto de necessidades em saúde e organizar as respostas de forma adequada e oportuna, impactando positivamente nas condições de saúde (BRASIL, 2014).

   Um grande desafio atual para as equipes de atenção básica é a atenção em saúde para as doenças crônicas. Estas condições são muito prevalentes, multifatoriais com coexistência de determinantes biológicos e socioculturais e sua abordagem, para ser efetiva, necessariamente envolve as diversas categorias profissionais das equipes de saúde e exige o protagonismo dos indivíduos, suas famílias e comunidade (BRASIL, 2014).

    É muito importante ter em conta o acompanhamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) porque representam uma porcentagem maior na população mundial e no Brasil não é a exceção. Diante dessa realidade achei muito interessante abordar essa temática na nossa área de atuação no âmbito da Atenção Primária a Saúde (APS), especialmente, na minha unidade de saúde.

    Em nossa unidade se realizam consultas direcionadas para pessoas hipertensas e diabéticas, que recebe por nome de consultas HIPERDIA que representam as principais doenças crônicas da população adscrita. Os atendimentos são realizados todas as quartas-feiras no expediente da tarde, onde os pacientes inicialmente diagnosticados são avaliados em um primeiro momento nessa consulta no prazo máximo de 15 dias após o diagnóstico inicial.     

     A maioria dos pacientes com DCNT são idosos desse modo, também são levados em consideração em cada avaliação os fatores de riscos cardiovasculares e a existência de comorbidades. Na análise deste questionário percebemos que não contamos com um registro de usuários com Diabetes Mellitus (DM) que apresentem maior risco ou gravidade, sendo identificado como uma fragilidade.

     Contamos com um registro dos pacientes DCNT que permite um melhor controle e avaliação desde o início da doença, nesse documento temos os dados pessoais do paciente, assim como, a data da primeira consulta realizada pela equipe.  

      Em trabalho conjunto com as especialidades na diferentes avaliações dos pacientes, a equipe realiza e dá continuidade ao acompanhamento dos usuários com Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) no território, dependendo da necessidade de cada um. Em cada consulta realizada, seja pela parte de enfermagem ou pela médica, são indicados os exames necessários de acordo com o risco individual, intervalo de prescrição e outros elementos importantes na gestão de cuidados.

      Outra fragilidade encontrada foi a inexistência do registro dos usuários com HAS com maior risco ou gravidade, ficando como observação passível de intervenção para melhorar nosso trabalho. Também foi analisada na reunião a problemática de coordenar as consultas e exames destes pacientes em outros pontos de atenção para conhecer a realidade de nossa área e ter um maior controle da fila de espera e das necessidades. 

      No nosso dia a dia de trabalho contamos com um livro de registro dos encaminhamentos para especialidades de todos os pacientes que são atendidos em nossa unidade de saúde. Realizamos consultas e exame de pé diabético a todo paciente que apresenta a doença, sendo encaminhados para avaliação e exame de fundo de olho com especialista em oftalmologia do município os pacientes mais vulneráveis e os demais são acompanhados na unidade de saúde.

     Em nosso atendimento médico sempre é registrado no prontuário familiar o Índice de Massa Corpórea (IMC) assim como, sua interpretação e são repassadas aos pacientes informações e orientações levando em consideração o resultado. Daí a importância de realizar ações interdisciplinares e multiprofissionais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Muitos casos precisam da avaliação do nutricionista que fornecem informações acerca dos alimentos adequados para cada caso em particular assim como, realizar o acompanhamento individualizado na perspectiva de orientar uma alimentação saudável.

     Nessa direção, contamos com o apoio dos profissionais do Núcleo Ampliado em Saúde da Família (NASF) que tem a participação dos diferentes especialistas: nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, entre outros. Existem no território grupos de educação física e de apoio para aquelas pessoas que querem perder peso. Essas atividades são norteadas pela equipe, pois são formados por integrantes da comunidade que realizam um trabalho sistemático com colaboração do especialista em atividade física e reabilitadora.

     Ao término da reunião decidimos estabelecer uma estratégia de trabalho mais organizada e com maior controle, pois percebemos que não contávamos com todas as ferramentas necessárias para um melhor desempenho, avaliação e monitoramento desse grupo.

      Recebendo o nome de “AGENDA ORGANIZADA” foi decidido que cada Agente Comunitário de Saúde (ACS) conformaria uma tabela com os seguintes dados: nome completo, idade, sexo, endereço, telefone, doença crônica associada, risco ou gravidade, obesidade, avaliações com outras especialidades e participação ou não em grupos de educação em saúde.

      Ficou na responsabilidade da médica e enfermeira, a criação em conjunto de registros para usuários diabéticos e hipertensos com maior risco ou gravidade assim como, a elaboração de um registro diferenciado daqueles pacientes com doenças crônicas de maior gravidade que são encaminhados para outros pontos de atenção para melhor identificação desses usuários, além de pensar estratégias para fortalecer o trabalho educativo na unidade com o apoio dos ACS.

     Destaco como fortaleza, contar com um expediente fixo para a realização de consultas de HIPERDIA, já que permite um trabalho em grupo mais diferenciado do resto da população e com a possibilidade de se realizar atividades educativas previamente planejadas e programadas pela equipe.

 

 

 

REFERÊNCIAS:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 162 p.: il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 35).

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