ATENÇÃO À SAÚDE DA GESTANTE
ESPECIALIZANDO: CAROLINE PIRES ALVES
ORIENTADOR: CLEYTON CEZAR SOUTO SILVA
A taxa de mortalidade materna é um dos indicadores mais importantes para avaliar a saúde de um país ou região. O Brasil, desde 1990, vinha apresentando queda nos índices de mortalidade materna, principalmente à custa do componente de mortalidade por causas obstétricas diretas, as quais estão relacionadas à qualidade do cuidado pré-natal, durante o parto e do puerpério. Entre 1990 e 2007, a queda observada foi de 56% (Ministério da Saúde, 2012). Contudo, as taxas por causas diretas ainda são elevadas e representam um grande desafio para o sistema de saúde (Ministério da Saúde, 2012).
O Ministério da Saúde, em 24 de Junho de 2011, devido a essas elevadas taxas de morbimortalidade materno-infantil, principalmente quando comparadas às de países desenvolvidos, instituiu a Rede Cegonha, por meio da Portaria de número 1.459, (Ministério da Saúde, 2011).
A Rede Cegonha trata-se de uma rede de cuidados que visa assegurar à mulher o acesso à atenção desde o período pré-concepcional até o puerpério, além de garantir um melhor cuidado à criança, garantindo nascimento e desenvolvimento saudável (Ministério da Saúde, 2011).
A Portaria 1.459/2011 cita como objetivos da Rede Cegonha: a criação de um novo modelo de cuidado à saúde da mulher e da criança com foco na atenção ao parto, crescimento e desenvolvimento da criança do zero aos 24 meses; a organização desta rede de atenção para que garanta acolhimento e seja resolutiva; e a redução dos índices de mortalidade materna e infantil, principalmente neonatal, por meio da melhoria do acesso e da qualidade do pré-natal (Ministério da Saúde, 2011).
O pré-natal é um dos principais indicadores do prognóstico ao nascimento, porém ainda não há consenso do número de consultas considerado adequado para uma assistência de qualidade. A Organização Mundial de Saúde considera ideal o pré-natal contar com mais de seis consultas, variando segundo o risco de cada gestação (Ministério da Saúde, 2012).
A microintervenção realizada pela equipe 037 da UBS do Pacoval em Macapá- AP teve início com a realização de uma análise do processo de trabalho voltado para o atendimento pré-natal e a qualidade deste.
A partir dessa análise, pudemos identificar necessidades de intervenção em diversos estágios do atendimento à gestante, como a orientação da necessidade de busca ativa, para facilitar o início precoce do pré-natal; a dificuldade de agendamento de consultas de primeira vez e dos retornos, que prejudicam alcançar o número de consultas adequado do pré-natal; e a ausência de ações voltadas à educação sobre saúde da mulher. Também identificamos pontos positivos como a qualidade do atendimento, onde é realizada tanto pela médica quanto pela enfermeira a orientação da gestante quanto a diversos aspectos do pré-natal, como a necessidade de comparecer às consultas, realização de exames, vacinação, identificação de sintomas habituais e sinais de gravidade, dentre outros aspectos.
O foco da intervenção foi melhorar o acesso da gestante às consultas e facilitar seu retorno, garantindo, assim o número de consultas orientado pelo ministério da saúde e a periodização adequada destas no decorrer dos trimestres da gestação. A medida adotada visa também aprimorar o contato da gestante com a equipe, facilitando a identificação de demandas e garantindo uma intervenção precoce em intercorrências.
Dos pontos avaliados como negativos escolhemos os seguintes para realizar intervenção:
Os objetivos da intervenção foram:
Para cumprir os objetivos citados, adotamos as seguintes medidas:
1. Marcação de retorno como responsabilidade da equipe no dia da consulta da gestante, o que facilita o acesso e permite seguir as orientações do MS quanto à periodização do pré-natal.
2. Ação em saúde em parceria com o NASF, realizada no espaço de uma igreja localizada próxima à área da equipe, onde foi realizado grupo de conversa com os profissionais para sanar eventuais dúvidas, consultas, e realização de teste rápido. Este foi o meio temporário que encontramos de trazer o atendimento de outras especialidades às gestantes, que se queixavam da dificuldade de acesso e marcação de consultas com o NASF.
3. Garantir a manutenção da educação em saúde também dentro das consultas durante o pré-natal, ensinando sobre sintomas comuns da gestação e sobre sinais de gravidade, sinais de trabalho de parto e quando procurar o atendimento de urgência.
Percebemos como pontos positivos da intervenção uma maior organização e controle da equipe sobre o programa de pré-natal; melhor controle sobre a falta às consultas, que permite uma busca dessa paciente para identificar o motivo do absenteísmo; maior facilidade de acesso à gestante, uma vez que suas consultas são todas agendadas pela equipe a cada consulta; melhora da qualidade do pré-natal, que passou a seguir de forma mais acurada as recomendações do Ministério da Saúde, garantindo melhor acompanhamento da gestante, avaliação de exames, resolução de queixas, e controle de intercorrências.
A realização desta microintervenção nos deu noção da dimensão da dificuldade em conseguir instituir um programa de pré-natal de qualidade que realmente atenda às necessidades da gestante e da complexidade dessa linha de cuidado. A importância desse problema se inscreve nos números ainda altos de mortalidade materna e é nosso papel intervir. Ainda há muito a ser melhorado e uma das próximas metas da equipe é ampliar a educação em saúde de gestantes e mulheres em idade fértil através da realização periódica de reuniões, criando rodas de conversa com o objetivo de sanar dúvidas que eventualmente não sejam tiradas durante a consulta e ensinar sobre temas relevantes sobre a saúde da mulher, como anticoncepção e planejamento familiar, DST’s, cânceres prevalentes nessa população e seu rastreio, dentre outros.
REFERÊNCIAS: