Titulo. O acolhimento e atendimento das pessoas com transtornos mentais por minha equipe da estratégia da família-ESF 112 da unidade básica de Saúde – UBS Dr. Sueldo câmara.
Especializado: Antonio caballero ortiz.
Orientadora: Maria helena pires de Araújo Barbosa.
Colaborador: Nara maria da silva – Assistente social do núcleo ampliado de saúde da família e atenção básica – NASF-AB
Nesta experiência eu vou a relatar e avaliar e trabalho da minha equipe com relação à qualidade de atendimento das pessoas com transtornos mentais e com sofrimento psíquico. De acordo com algumas pesquisas os números de indivíduos com agravos mentais em diversos países vêm aumentando gradativamente. Esse mesmo cenário ocorre no Brasil e a integração dos cuidados com agravos mentais e a Atenção Primária à Saúde (APS) constitui um desafio e representa um processo em curso que atua na contramão da lógica de segregação da loucura que perdurou por séculos. Nesse sentido, no Brasil, um marco importante foi a promulgação da Lei 10.216 de 2001, conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. A Reforma Psiquiátrica tem como ponto principal a inserção das pessoas com doenças mentais no âmbito da APS, que consiste no conjunto de ações de caráter individual ou coletivo, de base comunitária, voltado para promoção da saúde, prevenção de agravos e tratamento em geral.
Em nosso município existe um número elevado de pessoas com agravos mentais e temos em nossa UBS uma demanda relevante desses usuários. Para fazer a intervenção foi feita uma reunião, onde participaram a equipe de atenção básica, composta pelo médico, enfermeira, técnica de enfermagem, Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Assistente Social do Núcleo Ampliado da Saúde da Família e Atenção Básica (NASF – AB). Nela avaliamos como é o atendimento das pessoas com agravos mentais segundo os critérios de Autoavaliação para Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (AMAQ) e do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), do Ministério de Saúde. Durante o processo de avaliação foi realizado um grande debate com todos os presentes.
A equipe verificou que embora já tenha a maioria dos usuários em uso crônico de medicamentos (benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, estabilizadores de humor, bem como os ansiolíticos de um modo geral), os usuários com necessidade decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas, assim como os considerados como casos mais graves de sofrimento psíquico são identificados pela equipe. Entretanto, a equipe apresenta dificuldades para o seguimento desses sujeitos e durante a reunião vimos que falta muito por fazer, pois muitos deles só passam pela consulta médica em busca de suas receitas controladas e não participam das atividades em grupo que são realizadas pele equipe.
Para dar solução a essas problemáticas nos propuseram a recadastrar 100 % das pessoas com doenças crônicas, utilizando a ficha de cadastro individual a qual vamos preencher em prontuário. Para isso foi construída uma ficha onde devem ser registrados todos os indivíduos acompanhados (quadro 1). Cada ACS tem uma ficha para a microárea e o médico e a equipe de enfermagem terão outra compartilhada com toda a equipe. As fichas devem ser atualizadas sistematicamente.
Quadro 1 Ficha de controle de usuários com diagnóstico de transtorno mental e com sofrimento psíquico.
Nome |
D/N |
CPF/ cartão SUS |
Endereço
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Diagnóstico/CID |
Avaliação por medico o enfermagem |
Avaliação por NASF |
Avaliação por psiquiatria |
Avaliação por CAPS |
Tratamento |
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Na Unidade Básica de Saúde (UBS) as pessoas com diagnóstico de transtorno mental e/ou sofrimento mental podem ser atendidas em três momentos:
As consultas podem ser agendadas de forma espontânea na UBS e os indivíduos são atendidos de forma integral. É válido lembrar que temos outros momentos. Há também as ações no território adscrito, as quais se realizam semanalmente, onde fazemos palestras, ações educativas e atividades em grupo.
Uma fragilidade que a equipe possui é o número real de pessoas com demandas da saúde mental, que são da área descoberta, mas são atendidas na UBS. Isso dificulta o trabalho da equipe e atrapalha a dinâmica da UBS, uma vez que dentro de nossa estratégia fazemos ações educativas e palestras em grupo de trabalho nos diversos pontos de comércio, escola, praça da área de abrangência, assim como ações na área descoberta, para poder contemplar a toda a comunidade.
Com relação à rede de saúde mental, o município dispõe de equipes de NASF – AB, os quais atendem a UBS em que atuo, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I, CAPS II ), Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), Centro de Atenção Psicossocial Infantil ( CAPSi). Os indivíduos podem ser encaminhados por médicos das UBS, como também são portas abertas, os pacientes podem procurá-los de forma espontânea.
Para melhor compreender a rede de atenção em saúde mental no município, assim como construir uma linha de cuidado em saúde mental, foi escolhido uma usuária que necessitava de atenção integral em saúde mental. Desta forma, foi realizada uma reunião com da equipe da atenção básica com a equipe dos NASF – AB e do CAPS para buscar estratégias de encaminhamentos na rede para responder as necessidades da usuária.
A usuária escolhida tem 15 anos de idade e foi levada a consulta por um familiar, onde foi referido que a mesma tem ideias suicidas e isso estava gerando preocupação. Ao consultar a adolescente acima citada, percebeu-se que ela tinha crises depressivas, défict de atenção, como também constantes crises de choro. No primeiro momento houve resistência à comunicação, havendo assim a necessidade de buscar o apoio da equipe de NAFS-AB, na figura da psicóloga e da assistente social.
A adolescente foi abandonada pela mãe e atualmente mora com sua tia e primos, porém ficou claro que não existe uma boa relação entre eles. Depois de analisar bem este caso, a equipe viu a necessidade da adolescente também ser acompanhada pelo CAPS. Sendo assim, ela foi encaminhada para este serviço e avaliada pela equipe multiprofissional.
Na consulta com o psiquiatra foi prescrito antidepressivo. Outra ação realizada foi o agendamento de uma reunião com a família da adolescente. Nessa reunião houve a participação da equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e os profissionais do NASF – AB. Sendo assim, as equipes fizeram uma conversa (dinâmica de família) para melhorar relação entre eles e a adolescente. Posteriormente fomos informados que a mesma foi para casa de outra tia que se comprometeu a cuidar dela.
Esta construção foi muito importante, já que a interação entre elas contribuiu bastante para melhorar a atenção ao cuidado desta adolescente e contribuiu para seu atendimento e melhoria do seu quadro geral. No princípio a comunicação foi um pouco lenta, pois houve uma certa resistência por parte da usuária. Além disso, tivemos dificuldade no agendamento das consultas na média complexidade, visto que a psiquiatria tem muita demanda de atendimento e poucos profissionais na rede, o que contribui para o número de vagas insuficiente e o favorecimento do crescimento de uma demanda reprimida. O agendamento das consultas com psiquiatras geralmente ocorre para tempo superior a um mês e somente são atendidos no mesmo dia os indivíduos que tem alguma urgência psiquiátrica. Os demais usuários são agendados pelo sistema de regulação de vagas do município.
Eu considero que a microintervenção foi bastante válida, pois por meio dela foi construída uma ficha para o seguimento dos usuários com diagnóstico de transtornos mentais e com sofrimento psíquico. Desta forma se alcançou uma maior integração entre ESF e NASF – AB e o CAPS e, com o passar dos dias, a equipe conheceu mais sobre os usuários com demandas de saúde mental. Sendo assim, essa microintervenção nos ajudou a melhorar o atendimento aos usuários e a qualidade de atenção na UBS em questão.
Ponto(s)