7 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO : Acolhimento com Classificação de Risco à demanda espontânea “ Sem muros, sem barreiras”.

ESPECIALIZANDO : ZOILA GUETHÓN SILVA

ORIENTADOR : TULIO FELIPE VIEIRA DE MELO

 

            Este relato trata-se da experiência de planejar e executar uma estratégia para a implementação do acolhimento à demanda espontânea com classificação de risco pela equipe  57 da ESF de Pompéia, Distrito Norte I, Natal/RN, com o objetivo de melhorar e facilitar o acesso com qualidade da nossa comunidade aos serviços básicos de saude.

            Tem sido um desafio desenhar uma estratégia para a implementação do acolhimento à demanda espontânea com classificação de risco, já que nunca foi feito pela UBS. Sabemos que é difícil modificar condutas e práticas estabelecidas há muitos anos, tanto para a UBS, para comunidade e para equipe, mas para melhorar a qualidade e a humanização dos serviços de saude temos que começar a mudar pelo acolhimento.

            A nossa equipe tem uma demanda de atendimento muito elevada, com uma população de mais de 6000 pacientes, o que gera dificuldades para o acesso. Na avaliação da  AMAQ, na primeira microintervenção, foi um dos principais problemas identificados, e adotamos o acolhimento com classificação de risco como prioridade a ser resolvido.

            A microintervenção teve início com as rodas de conversa com toda a equipe, a direção da UBS e integrantes do NASF para definir o problema, as potencialidades e dificuldades na elaboração e execução da estratégia. Avaliamos a necessidade de educação permanente da equipe em quanto a classificação do risco, alguns já conheciam, mas não compreendiam a forma de utilização da mesma em atenção primária. Utilizamos como base cadernos de atenção básica, protocolos e fluxogramas preconizados pelo ministério da saúde (BRASIL, 2011).

            Foi pactuado pela equipe que o 60% dos nossos atendimentos seriam de consultas programadas, e 40% para demanda espontânea (consulta do dia ou atendimento de urgência). Todos os pacientes que chegassem na UBS seriam acolhidos e orientados. Também foi feito o levantamento da demanda expontânea e estabelecido os critérios da equipe para a classificação de risco e a identificação de vulnerabilidades, estabelecendo-se a seguinte classificação para os casos de demanda espontânea como:

  1. Situação Aguda ou Crônica (ver anexo )

            1.1 Vermelho: Atendimento de Urgência (alto risco de vida);

            1.2 Amarelo: Atendimento prioritário  (risco moderado)

            1.3 Verde: Atendimento no dia (risco baixo ou ausência de risco com vulnerabilidade importante)

2. Situação Não Aguda

            2.1 Azul: Agendar para uma consulta eletiva (consulta de enfermagem, médica, em grupo ou visita domiciliar);

            Participam do acolhimento a enfermeira, técnica de enfermagem, a médica (quando precisar) e uma ACS “líder reconhecida” pela equipe e comunidade, já que, como sabemos, o acolhimento é um encontro complexo que gera compromissos e eventualmente gera tensões. Como produto das ações realizadas pela equipe, foram confeccionados um banner com a tabela de classificação de risco e cartões de diferentes cores de classificação de risco. Ficou pactuado o monitoramento mensal na reunião da equipe para avaliar os resultados e possíveis soluções.

            As principais dificuldades encontradas para a implementação do acolhimento foi o desafio de que nunca foi feito o acolhimento à demanda espontânea com classificação de risco pela UBS; número de usuários elevados para a equipe; a médica só trabalha 32 horas por semana (tendo um dia de especialização) o que diminui a oferta de atendimentos; ainda falta preparo pela equipe para aplicar a classificação de risco, diante da necessidade de trabalhar este tema no momento de educação permanente.

            Já as principais potencialidades, encontra-se a motivação da equipe para a execução da estratégia; apoio da direção da UBS e da equipe do NASF; presença do “líder” ACS; aceitação pela comunidade; e a motivação da equipe.

            Ainda temos muitos desafios, sabemos que é só o início, nossos primeiros passos, precisamos também avaliar os resultados com toda a equipe e a comunidade, por enquanto melhoramos o acolhimento, oferecemos uma maior resolutividade dos casos avaliados, conseguimos fazer trabalho compartilhado de toda a equipe. Nosso objetivo final é elaborar uma estratégia que permita facilitar o acesso com qualidade da nossa comunidade aos serviços de saude, ao final a população agradece.

 

 

ANEXO I:

Classificação de risco para as principais doenças:

❖     Vermelho (Atendimento de Urgência) :

➢   Criança com febre maior de 39ºC;

➢   Doença diarreica aguda com desidratação;

➢   Hipoglicemia;

➢   Asma brônquica com sibilos;

➢   Dor torácica ou abdominal aguda;

➢   Intoxicação aguda;

➢   Crise hipertensiva (PA maior de 180/120);

➢   Gestantes com dor abdominal, sangramentos ou hipertensão arterial.

❖     Amarelo (Atendimento prioritário)

➢   Crianças com febre menor de 39ºC;

➢   Recém nascidos e puérperas;

➢   Doença diarreica aguda sem desidratação;

➢   Hiperglicemia;

➢   Cefaleia tensional e enxaqueca;

➢   Dor abdominal não aguda;

➢   Dor de ouvido;

➢   Dor de garganta;

➢   Dor lombar;

➢   Hipertensão arterial com PA até 179/119;

➢   Urgência oftalmológica “ olho vermelho”;

➢   Urgências odontológicas;

➢   Pacientes com neoplasias.

❖     Verde ( Atendimento no dia, priorizar vulnerabilidade)

➢   Doenças da pele: Impetigo, Erisipela, Herpes Simples, Herpes Soster, Escabiose, Dermatites;

➢   Doenças Sexualmente Transmissíveis;

➢   Sangramento genital anormal ;

➢   Disúria;

➢   Tonturas e vertigem;

➢   Sintomáticos respiratórios de mais de 21 dias.

 ❖     Azul (agendar consulta eletiva)

➢   Procedimentos administrativos, soliciar e avaliar exames, agendar visitas domiciliares, emitir receituários, tomar vacinas.

  1. Classificação vermelha  e amarela: Atendimento pelo médico;
  2. Classificação verde: Atendimento pelo medico ou a enfermeira;
  3. Classificação azul: Atendimento pela enfermeira, técnica de enfermagem ou ACS.

Figura 1.

 

Fonte: Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica. 2012.

(Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II).

Figura 2. CARTÕES DE DIFERENTES CORES DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

Referência:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.

Acolhimento à demanda espontânea/Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011.

56 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume I).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.

Acolhimento à demanda espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,

Departamento de Atenção Básica.–Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 290 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica n. 28, Volume II)

 

 

 

 

 

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