TITULO : A SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA UBS SALEM DUARTE.
ESPECIALIZANDO: DR JUAN DE DIOS MIRANDA RIEUMONT.
ORIENTADOR: MARIA BETÂNIA MORAIS DE PAIVA.
Colaboradores.
Enfermeira: Aldenora Fernandes de Queiroz .
Técnica de enfermagem: Maria Luzanira Viana de Oliveira .
Dentista: Kelly Patrisa Oliveira.
Auxiliar de saúde Bucal: Antonieta Fernandes de Queiroz.
Agente de saúde comunitária: Cosma Nunes da Silva Medeiros.
Agente de saúde comunitária: Emmanuele Tayana dos Santos.
Agente de saúde comunitária: Maria Alcineide Ferreira Duarte de Meneses.
Agente de saúde comunitária: Maraia das Dores Lopes Duarte Cavalcante.
Agente de saúde comunitária: Maria da Gloria Silva.
Agente de saúde comunitária: Juana Fernandes da Silva.
Agente de saúde comunitária: Maria Ubiracilda Linhares.
Agente de saúde comunitária: Zoraide Pinheiro de Andrades.
Essa microintervenção irá mostrar como ocorre a articulação na Rede de Atenção a Saúde Mental na UBS Salem Duarte, através de treinamento da equipe para implementação do livro de psicotrópicos que antes não existia na Unidade.
A Reforma Psiquiátrica Brasileira, “iniciada no fim da década de 1970, possibilitou uma transformação na assistência à saúde mental, propondo novos espaços para os sujeitos com sofrimento psíquico intenso, que antes tinham apenas o manicômio como alternativa de tratamento” (MARTINHAGO; OLIVEIRA, 2012).
Segundo o Ministério da Saúde (2005), a assistência em saúde mental passa pela Lei 10.216/2001, que oferece o atendimento dos pacientes na própria comunidade, em parceria com as Unidades de Saúde e estabelecimentos de saúde, promovendo assim que estas pessoas saiam das instituições de internação e passem a conviver em sociedade, caracterizando a reforma psiquiátrica no Brasil.
Logo após, houve a construção de uma rede comunitária de cuidados, que foi fundamental para a consolidação da Reforma Psiquiátrica, substituindo o hospital psiquiátrico e segundo o Ministério da Saúde (2011), “na horizontalização decorrente do processo de matriciamento, o sistema de saúde se reestrutura em dois tipos de equipes: Equipe de referência e Equipe de apoio matricial”.
Assim, a UBS onde atuo funciona como equipe de referência interdisciplinar, atuando com uma responsabilidade sanitária que inclui o cuidado longitudinal em parceria com o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), realizando esclarecimento diagnóstico, estruturação de um projeto terapêutico e abordagem da família.
A Rede de atenção à saúde mental em meu município funciona começando pelas Unidades de Saúde da Família, que são unidades de porta de entrada. Tem o pronto socorro e o hospital municipal, caso o paciente seja encaminhado para internação para uso de medicação. Os sistemas de referência são o Centro de Apoio Psicossocial – CAPS e o Núcleo de Atenção a Saúde da Família – NASF. Contamos ainda com um sistema de redução de danos através da UBS e reuniões em grupos alternativos como os Alcoólicos Anônimos (AA) e grupos de apoio para contra o vício das drogas ilícitas.
A quantidade de pacientes em sofrimento psíquico atendidos por mês na minha unidade são cerca de 15 pacientes. Realiza-se a promoção na educação em saúde, através de palestras, oficinas de artesanato, momentos sociais, que estimulem o lazer das pessoas. Outra forma de prevenção, é trazer o psicólogo para atuar dentro da UBS, para que ele trabalhe com a promoção e prevenção, dando um apoio a equipe multiprofissional.
Na UBS ocorre a redução de danos e a prevenção de desenvolvimento de transtornos mentais, com educação em saúde e atividades que promovam lazer e interação com a comunidade, buscando mostrar a importância do outro, prevenindo bullying com educação nas escolas, depressão, uso de drogas psicoativas, entre outros.
Na UBS Salem Duarte não havia um livro de registro de psicotrópicos, para os pacientes atendidos em saúde mental. Assim, tive que propor a equipe a implementação desse livro na Unidade. Primeiramente fiz uma reunião com a Enfermeira, discutimos a importância de implementar e posteriormente foi feito um treinamento com as técnicas de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde.
Esse treinamento durou cerca de quatro horas e ocorreu em um dia específico na UBS na sala de reuniões e foi ministrado por mim enquanto médico da Unidade, junto a Enfermeira. Foi colocado em pauta a importância dessas anotações para termos o controle de quem faz uso de substâncias psicotrópicas na Comunidade. Assim, podemos manter uma articulação com a equipe do CAPS e NASF quando pacientes são referenciados e contrareferenciados. Ao final, a equipe compreendeu a importância de ter o livro de registro e adotou a ideia.
Figura 01 – Livro de registro de psicotrópicos
Fonte: próprio autor
Assim, no livro é inserida as informações referente a data, histórico (traz o nome da medicação), o movimento é referente a quantidade recebida com a receita (entrada) e ao final do mês é conferida a saída (quantidade que resta) na visita domiciliar, para assim sabermos se o paciente está realmente tomando sua medicação. Também é registrado a assinatura de quem insere os dados do paciente e as orientações (observações). É um registro simples mas que se bem utilizado implica em uma ótima coordenação do cuidado.
O atendimento em saúde mental no município pode ser exemplificado através de um atendimento recente a um paciente usuário de drogas ilícitas. Este paciente veio até a UBS (porta de entrada), onde passou por uma consulta com o médico da família e mediante o seu desejo de parar com o vício, foi encaminhado ao CAPS, para consulta com psiquiatra. Na consulta com o psiquiatra o paciente foi orientado a respeito de seu tratamento, recebeu prescrição de medicações psicotrópicas e foi encaminhado pelo psiquiatra ao psicólogo do NASF, para que fosse avaliado e acompanhado emocionalmente. O psicólogo do NASF atendeu o paciente e contrareferenciou ele para a UBS, onde será acompanhado pelos profissionais da atenção básica durante todo o seu tratamento e em visitas domiciliares, e quando houver necessidade em algum momento, o médico da família pode novamente referenciar esse paciente a algum serviço especializado, como para o Hospital municipal em caso de internação.
As potencialidades dessa Rede de Atenção Psicossocial estão na interação entre diversas equipes e na capacitação da equipe para acolhimento e compreensão de alguns transtornos psicossociais e mentais, que é essencial. Isso ajuda a melhorar o atendimento e acolhimento desses pacientes, subsidiando as práticas do clínico e do enfermeiro e colaborando para que estes também participem das atividades educativas.
As fragilidades da saúde mental no município estão voltadas para a falta de médicos especialistas, principalmente psiquiatras e psicólogos, acarretando em enormes filas de espera para o atendimento. Mas enquanto isso, a UBS fornece o atendimento básico para cada caso.
Diante de projetos terapêuticos singulares que são elaborados por mim e pelos médicos psiquiatras e psicólogos, em parceria om o CAPS e NASF, posso dizer que os resultados alcançados são positivos e significativos no atendimento a pacientes com transtornos mentais, pois o trabalho do CAPS é envolvente para o paciente, permitindo que ele conviva em grupo e desenvolva atividades de terapia ocupacional. Ele passa a se sentir pertencente a uma sociedade que antes o excluía.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia prático de matriciamento em saúde mental. [Brasília, DF]: Ministério da Saúde: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011.
MARTINHAGO, F.; OLIVEIRA, W.F. A prática profissional nos Centros de Atenção Psicossocial II (CAPS II), na perspectiva dos profissionais de saúde mental de Santa Catarina. Saúde em Debate. Rio de Janeiro, v. 36, n. 95, p. 583-594, out./dez. 2012.
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