3 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

tulo: Abordagem do planejamento familiar, assistência pré-natal e puerpério da equipe da Estratégia de Saúde da Família Jurumenha no município Santa Maria. 

Especializando: Yamilet Castañeda Batista.

Facilitador Pedagógico: Tulio Felipe Vieira de Melo.

 

        O Ministério da Saúde define Atenção Básica como um conjunto de ações no âmbito individual ou coletivo que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnostico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. A atenção em saúde reprodutiva e uma ação básica de saúde e deve ser ofertada observando-se como principio o respeito aos direitos sexuais e direitos reprodutivos (BRASIL, 2010).

            Com base na importância do acolhimento no planejamento reprodutivo na atenção básica, pois ele é a base da assistência qualificada decidiu-se avaliar como nossa equipe de ESF Jurumenha desenvolve este processo nas Unidades Básicas de Saúde da atuação, por intermédio de um projeto de micro-intervenção.

            Depois do acolhimento inicial em saúde reprodutiva pelos profissionais da equipe onde se escutam todas as necessidades, dúvidas e preocupações do usuário ou do casal com relação ao planejamento reprodutivo, se oferece informação sobre seus direitos em saúde sexual e reprodutiva, a respeito dos métodos contraceptivos disponíveis no SUS e permitimos que eles escolham livremente e se assegura o acesso ao método escolhido e o seguimento na UBS. No município a cobertura deles está garantida. Além das ações educativas individuais, incentiva-se a participação nas atividades grupais planejadas que ainda são insuficientes e que se encontram com muitos obstáculos para realizá-las: escassa participação comunitária, cultura machista da população que atribui a anticoncepção só à mulher, atendimento uma vez por semana nas comunidades que sobrecarga agenda de trabalho e deixa pouco tempo para as ações programáticas.

            Outras dificuldades analisadas no debate foi o uso excessivo dos anticoncepcionais hormonais pela população, por desconhecimento da existência de outros métodos (comportamentais, de barreira feminina, DIU) e a escassa informação e educação em saúde sexual e saúde reprodutiva, com o consequente incremento da gravidez não desejada e da gravidez na adolescência e a insuficiente avaliação pré-concepcional de pessoas em idade fértil a fim de identificar fatores de risco ou doenças que possam alterar a evolução normal de uma futura gestação.

            Nossa equipe realiza os exames para prevenção de câncer de colo de útero e de mama, exames para investigação de DSTs no que se refere aos testes rápido para HIV, Sífilis, Hepatite B ou C, mas o município nem sempre dispõe deles sendo um problema urgente de resolver porque tampouco estão disponíveis os exames sorológicos. Notificamos os casos positivos com intervenção terapêutica imediata (abordagem sindrômica). Não temos pacientes com diagnóstico de HIV. Atualmente a equipe não desenvolve atividades educativas nos diversos espaços sociais da comunidade.

            Tendo em consideração os problemas identificados concordamos reorganizar o processo de trabalho incluir atividades educativas aproveitando todos os momentos de contato com os usuários, criação de grupos segundo as faixas etárias (adolescentes, idosos, adultos) onde se programem estratégias educativas a partir do problema real do usuário, capacitação para todos os membros da equipe sobre planejamento reprodutivo avaliando se o nível de compreensão nas reuniões mensais e planejar a agenda de trabalho um espaço para o atendimento pré-concepcional.

            Em relação ao atendimento pré-natal e puerpério a equipe centra seu trabalho primeiro no levantamento periódico das gestantes com o apoio dos Agentes Comunitários de Saúde de todas as comunidades rurais incluindo aquelas que fazem pré-natal no serviço privado com o objetivo de assegurar o desenvolvimento da gestação permitindo o parto de um recém-nascido saudável sem impacto para a saúde materna.

            As consultas do início da gravidez geralmente são feitas pela enfermeira da equipe garantindo um atendimento de qualidade e uma relação ética entre as usuárias e o profissional de saúde. Ainda não foi possível a captação precoce do 100% das grávidas mesmo assim é permanente a busca ativa na comunidade. Todas são cadastradas por intermédio do preenchimento da ficha do cadastramento do SISPRENATAL.

            Classifica-se o risco gestacional que se avalia em cada consulta e todas as gestantes são acompanhadas em intervalos preestabelecidos com um mínimo de seis consultas. Realiza-se registro das consultas médicas intercaladas com as consultas de enfermagem, além das realizadas pela obstetra na caderneta da gestante e no prontuário das pacientes que contempla anamnese, história clínica, exame físico e exames complementares recomendados pelo Ministério de Saúde. Atualmente sem apoio laboratorial no município porque não se estão realizando exames na UBS, solicita-se que seja realizado no serviço privado isso implica desconforto nas usuárias e na maioria, pelos escassos recursos econômicos não são feitos ou só realiza-se uma vez no decorrer da gestação. Outros (Toxoplasmose IgG e IgM, Citomegalovírus IgG e IgM, HIV e HbsAg) demoram entre três e seis meses para receber os resultados o que dificulta no caso de infecção aguda o diagnóstico e tratamento precoce.

            Todas as gestantes são orientadas na administração profilática ou terapêutica de sais de ferro e ácido fólico e na vacinação contra tétano e hepatite B. No caso de resultados positivos para DST se institui o diagnóstico e tratamento no momento da consulta e se orienta as gestantes sobre sua prevenção.

            São encaminhadas 100% das gestantes de alto risco obstétrico ao serviço de referência, a secretaria de saúde na hora realiza a marcação sem dificuldades. Todas as gestantes com 41 semanas são reguladas para avaliação do bem-estar fetal e quando ocorrem intercorrências são reguladas para os serviços de urgência/emergência obstétrica. Em algumas ocasiões encontramos problemas para que as grávidas com patologias descompensadas sejam avaliadas no hospital de referência com a qualidade exigida na assistência pré-natal e inclusive são retornadas à área de abrangência.

            Incentivamos em todas as consultas a presença do parceiro no pré-natal ainda sem conseguir com sucesso sua participação. Nos grupos de gestantes promovemos hábitos de vida saudável, explicamos a importância do acompanhamento pré-natal, da consulta de puerpério e da puericultura, abordamos a identificação de sinais de alarme na gravidez e o reconhecimento ao trabalho do parto, os cuidados com o recém-nascido, os riscos do tabagismo, do uso de álcool e de outras drogas e o uso de medicações na gestação. Estas atividades grupais são planejadas mensalmente, mas a equipe reconhece que nem sempre se cumprem porque as características do atendimento único na semana com só quatro horas e com sobrecarga da demanda espontânea não permitem que seja sempre realizada.

            Temos apoio matricial do NASF, dispomos de uma nutricionista que avalia todas as gestantes que são encaminhadas com ganho de peso excessivo ou insuficiente no curso da gestação com o risco de hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional ou baixo peso e prematuridade respectivamente. Além disso, contamos com uma ginecologista que acompanha as gestantes de alto risco obstétrico e uma psicóloga.

            O cuidado da mulher no puerpério é fundamental para a saúde materna e neonatal e deve incluir a família toda, no planejamento das ações da equipe deve-se garantir o acompanhamento integral da mulher e da criança além de estimular desde o pré-natal o retorno precoce da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde após o parto. Por isso agendamos o primeiro atendimento na Atenção Básica antes do momento da alta da maternidade, realizamos a visita domiciliar na primeira semana após o recém-nascido ter recebido alta e agendamos a consulta de puerpério tardio (42 dias). fornecemos apoio psicológico e incentivamos o aleitamento materno exclusivo até os seis meses.

            Com a realização desta micro-intervenção conseguimos não só identificar nossas fragilidades e traçar um plano de ação para resolvê-las, mas também demonstrou a potencialidade do trabalho em equipe como ferramenta necessária para alcançar uma assistência pré-natal efetiva, indicador importante avaliado no PMAQ-AB.

 

 

REFERÊNCIAS.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 300 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 26).

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