3 de outubro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

tulo: Aperfeiçoamento do acolhimento à demanda espontânea e a demanda programada nas Unidades Básicas de Saúde do território de abrangência da Equipe de Estratégia de Saúde da Família Jurumenha no Município Santa Maria.

Especializando: Yamilet Castañeda Batista.

Facilitador Pedagógico: Tulio Felipe Vieira de Melo.

       O acolhimento é uma prática presente em todas as relações de cuidado, nos encontros diários entre trabalhadores de saúde e usuários pressupõe o ponto de entrada mais fácil e próximo deles para os serviços de um sistema de saúde. Deve ser um mecanismo de ampliação/facilitação do acesso, portanto não pode ser limitado a uma triagem que tem como objetivo a exclusão é muito mais amplo, assume uma função de promover, prevenir, proteger, cuidar e recuperar (BRASIL, 2013).

            Diante do exposto e como parte do o processo de Autoavaliação para Melhoria do Acesso da Qualidade da Atenção (AMAQ) da nossa equipe, foi realizada a microintervenção direcionada a aperfeiçoar o acolhimento nas Unidades Básicas de Saúde de atuação da ESF Jurumenha, no município Santa Maria.

            A primeira etapa começou com a reunião da equipe de saúde composta por uma (1) Enfermeira, um Técnico de Enfermagem, cinco Agentes Comunitários de Saúde, um Médico, um cirurgião-dentista e uma auxiliar em saúde bucal. Foram convidados também todos os trabalhadores do posto de saúde da Santa Maria porque pela condição de itinerante de nossa equipe esta acordada um atendimento semanal nesta unidade.

Identificaram-se como as principais dificuldades:

1. Ainda dispomos de unidades básicas de saúde que são casas alugadas e adaptadas pelo município para acolher equipe, mas não possuem os padrões propostos pelo MS sendo difícil executar o acolhimento de forma adequada.

2. Três comunidades, das nove que se encontram no território da abrangência, não dispõem de espaço físico para oferecer os serviços de saúde. Os usuários recebem atenção domiciliar na modalidade visita domiciliar, consequentemente o acolhimento por meio da escuta qualificada fica impossibilitado.

3. Ineficiente sistema de agendamento de consultas segundo categorias ou grupos e sem possibilidade de atendimento as Urgências e Emergências.

4. Incapacidade dos trabalhadores encarregados de escutar demandas de analisá-las, esclarecer as ofertas de cuidado existentes na UBS e oferecer algum grau de resolutividade.

5. Atendimento por ordem de chegada sem estratificação das necessidades do usuário (avaliação de risco e vulnerabilidade).

            Identificados os problemas, a segunda etapa começou com uma capacitação de todos os profissionais envolvidos no processo. Foi realizado um estudo dos protocolos de classificação de risco e vulnerabilidades e o perfil da população adscrita (situação social), bem como uma análise das principais queixas decorrentes das demandas espontâneas e dos problemas observados durante as visitas domiciliares e ações programáticas. A partir desse diagnóstico foi possível programar a quantidade de consultas agendadas e de demanda espontânea que serão disponibilizadas, levando em consideração as ofertas às necessidades de saúde da população da equipe e a organização da agenda dos profissionais.

            Ficou definido: quem vai receber o usuário que chega; como avaliar o risco e a vulnerabilidade desse usuário; o que fazer de imediato; quando encaminhar/agendar uma consulta médica; que outras ofertas de cuidado (além da consulta) podem ser necessárias. Além disso foi aprovado monitorar o processo de forma permanente nas reuniões semanais da equipe.

            Para implantar práticas e processos de acolhimento visando a melhoria da acessibilidade do usuário e a escuta dos profissionais, são necessárias transformações intensas na maneira de funcionar a atenção básica que requer um conjunto de ações articuladas, envolvendo trabalhadores, gestores e usuários. Portanto o próximo passo consistiu em convocar os usuários para que entendam o significado do acolhimento e se envolver com ele, seja para promover sua qualificação, ou mesmo para que se evitem eventuais desentendimentos no cotidiano do serviço.

            Aproveitamos todos os espaços de contato: consultas, sala de espera, durante as visitas domiciliares, nas atividades coletivas comunitárias, nas reuniões dos conselhos locais de saúde, nos grupos, para abordar a importância do atendimento preferencial das urgências, informá-los de como deve funcionar o acolhimento à demanda espontânea e à demanda programada, na medida em que os pacientes compreendam o processo de trabalho vai ajudar na criação do um melhor vínculo profissionais-usuários, além de transformá-los em multiplicadores desse conhecimento em suas famílias e comunidades.

            Por último, na terceira etapa foi adotado um novo sistema de atendimento que trabalha com as duas demandas, se destinam seis vagas para demanda programada, e dez para demanda espontânea. O acolhimento é realizado desde o momento que o paciente chega à unidade, se recebe (primeira escuta) e entregam-se os prontuários aos usuários de consulta programada e aos usuários que procuram o atendimento espontâneo, estratificam-se os riscos e avaliam-se as vulnerabilidades orientando o tipo de intervenção necessária e o tempo em que deve ocorrer, são feitas as medições do peso, altura e afere a pressão arterial para depois encaminhar para a consulta médica ou de enfermagem.

            As dificuldades na execução da microintervenção são baseadas na inadequada infraestrutura das unidades de saúde que impedem um primeiro contato entre profissional e usuário de qualidade, quebrando a continuidade do cuidado, sem resolutividade em curto prazo porque não é prioridade dos gestores resolvê-lo. Além disso uma parte da população assistida é avaliada na atenção domiciliar, nestas circunstâncias o acolhimento se restringir a uma triagem para atendimento médico, ainda assim trabalhamos com os recursos disponíveis para atenuar os efeitos relacionados à falta de estrutura física da melhor forma possível.

            Como potencialidades podemos citar que a microintervenção provocou mudanças nos modos de organização da equipe, nas relações entre os trabalhadores aperfeiçoando as ferramentas para obter êxito na implementação do acolhimento, esse efetivo trabalho em equipe gera assim, mais segurança e proteção para os usuários.

 

REFERÊNCIAS

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed.; 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 56 p. : il. – (Cadernos de Atenção Básica; n. 28, V. 1)

 

 

 

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