Relato de Experiência IV de ANELLY ARENCIBIA CABRERA

                                                         TITULO: ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE GENÉSIO DA SILVA

                                                                            ESPECIALIZANDA: DRA. ANELLY ARENCIBIA CABRERA

                                                                           ORIENTADOR: ROMANNINY HEVILLYN SILVA COSTA ALMINO

                 A saúde mental em nossa unidade básica de saúde está organizada com requisitos mínimos do Programa de Melhoria de Acesso e da Qualidade da Atenção – PMAQ? Pergunta que foi o tema da nossa reunião de equipe, em 26 de junho, de 2018. Para iniciar a avaliação de como a saúde mental estava em nosso território foram avaliados os seguintes tópicos:

• A equipe possui registro dos usuários em uso crônico de benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, estabilizadores de humor, bem como os ansiolíticos de um modo geral?

 • A Equipe Básica possui registro do número dos casos mais graves de usuários em sofrimento psíquico?

• A equipe possui registro dos usuários com necessidade decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas?

               Nosso principal problema foi que minha equipe não tem registro dos usuários em uso crônico de benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, necessidade decorrente do uso de crack, álcool e outras drogas.

               Foi a partir deste item que definimos metas a serem cumpridas para alcançarmos melhor pontuação neste quesito, além de fornecer uma atenção e cuidado a esse grupo populacional – usuários de medicamentos psicotrópicos ou em sofrimento psíquico – a fim de melhorar sua qualidade de vida.

               Por muitos anos, a saúde mental foi resumida apenas à prescrição de medicamentos e renovação de receitas. Fato este muito presente até nos dias atuais em muitas unidades de saúde. Vê-se, cada dia mais, jovens iniciarem o uso de antidepressivos, ansiolíticos, dentre outras medicações cada vez mais cedo. Muitas vezes sem acompanhamento regular com médico que prescreve a receita, ou mesmo, do especialista.

              Em meu municípioAlto alegre, a rede de serviços de saúde mental é organizada por meio dos órgãos de assistência social do município, da rede de ensino, da Unidade Básica de Saúde – UBS, do Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF, Centro de atenção Psicossocial – CAPS.Os serviços são prestados por meio de equipe multiprofissional, como psiquiatra, psicólogo, assistente social, farmacêutico, enfermeiros e consultórios terapêuticos.

             Minha unidade básica de saúde está localizada em uma vila, Vila São Silvestre onde os pacientes que são encaminhados ao CAPS têm que comparecer à consulta no município que fica a uma hora de distância .

            Tendo em vista essa realidade,uma das ações propostas pela equipe foi criar um instrumento(anexo 1) que nos permitisse realizar uma pesquisa com os pacientes da nossa unidade básica que eram usuários crônicos de benzodiazepínicos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antidepressivos, usuários de crack, álcool e outras drogas.

                Para isso eu fui ao serviço do CAPS para começar primeiro com os pacientes que já estavam acompanhados por eles da minha área de saúde ,onde, com a ajuda da coordenadora e do psiquiatra, fizemos um levantamento desses casos, o que resultou em um total de 15 pacientes cadastrados, dos quais, nos últimos meses, só foram acompanhados 8  por causa do problema de transporte.

               Em seguida, realizamos uma ação para a qual, com a ajuda dos agentes comunitários de saúde e minha enfermeira, realizamos uma conversa com os grupos educativos e pacientes que eles já conheciam como usuários de drogas, mas que não estavam sendo acompanhados pelo CAPS.

              Por meio de uma consulta geral, foram encontrados mais 5 casos. Dentre eles, a o caso de uma paciente casada de 25 anos de idade, previamente ,acompanhada por ser usuária de drogas, mas que não compareceu à consulta há mais de 5 anos com psiquiatra. Apresentava-se muito deprimida e relatou que ainda faz uso de drogas. Após exame físico e exames complementares pude confirmar que a paciente estava com 17 semanas de gravidez. Após acompanhamento pela equipe da UBS, a paciente retornou ao acompanhamento do CAPS.

            A identificação das mães usuárias de crack é realizada pelas unidades básicas de saúde de Alto Alegre, que faz o encaminhamento a CAPS , onde se realiza uma abordagem com a gestante e sua família para a análise dos riscos e vulnerabilidades sociais. A gestante continua realizando os pré-natal na UBS de referência.

           Além do encaminhamento para a rede de atenção, conforme necessário. O acompanhamento feito com às gestantes usuárias de crack visa minimizar os efeitos do consumo dessa droga para a mãe e principalmente para o feto. É amplamente sabida a dificuldade de abandonar o consumo do crack. Por essa razão procura-se orientar e convencer as gestantes a reduzir o uso da droga, reduzindo seus efeitos para o desenvolvimento do feto.

            Nossa equipe aprendeu muito sobre o manejo dos pacientes em sofrimento psíquico principalmente os agentes coomunitários de saúde – ACS que foram capacitados para o preenchimento das informações requeridas.

           Com esta microintervenção a equipe percebeu a importância do trabalho articulado com o NASF e o CAPS como ferramenta positiva para avaliação, tratamento e reabilitação do usuário com sofrimento psíquico.

            Em relação à visita ao CAPS, esta se mostrou muito importante para ambas as equipes (CAPS e Atenção Básica) diante da troca de experiências ocorrida.

Foi possível colher informações fundamentais para referenciar corretamente os pacientes, evitando desgastes, pelos mesmos e familiares.

Além disso, a realização desta microintervenção permitiu a criação de novos modos de atuação e intervenção da equipe para o atendimento da demanda de saúde mental na atenção básica.