MELHORIA NA ATENÇÃO INTEGRAL EM SAÚDE MENTAL
ESPECIALIZANDA: LILIANA PÉREZ PÉREZ
ORIENTADORA: DANIELE VIEIRA DANTAS
A saúde mental é um tema que exige atenção na população do Brasil na atualidade. A população do Estado do Rio Grande do Norte e do município de São Miguel apresenta doenças psiquiátricas de diversas causas e diagnósticos, longo período de evolução e tratamento, em alguns casos errado baseados em automedicação, dependência psicológica e uso contínuo de psicofármacos para lidar com situações de estresse, tensão, insônia, solidão, tornando o medicamento um “amigo”.
Algumas pessoas utilizam os psicofármacos permanentemente, renovando as receitas todos os meses com diferentes médicos ou em diferentes Unidades Básicas de Saúde (UBS), sem resolver o verdadeiro problema desencadeante do conflito do indivíduo. Um dos conflitos mais importantes vivenciados no RN diz respeito as características climáticas, com baixos índices pluviométricos, ocasionando diminuição da produção na agricultura, redução da oferta de emprego e pobreza da população.
Nesse sentido, tornam-se fundamentais estratégias de ação e de intervenção para melhoria do atendimento e tratamento do paciente, procurando apoio da família e reintegrar o paciente em uma vida social saudável.
No município de São Miguel, contamos com o serviço do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) 1, no qual é oferecido atendimento multidisciplinar de psiquiatra (uma semana por mês), psicólogo (três vezes por semana), enfermeira, assistente social, pedagoga e arte educadora. Os casos em acompanhamento e novos são encaminhados para atendimento pela equipe do CAPS, com retorno planejado.
Diante desse quadro, como ato de melhoria na atenção integral ao paciente em saúde mental, a equipe da UBS Manuel Vieira participou de reunião para realizar pesquisa ativa dos pacientes com transtornos mentais em nossa área de ação, diagnósticos prevalentes, uso de psicofármacos e o tempo de uso, grupos de idades, sexo e número na pesquisa da polifarmácia e para isto foi construído o instrumento abaixo:
No município, tem sido observado o uso indiscriminado de psicofármacos, com tempo prolongado e medicamentos associados, gerando resistência referida pelo paciente e dependente, com sintomas depressivos associados à insônia quando utilizados mais de dois psicofármacos. Metade dos casos da UBS necessitam de avaliação psiquiátrica para definir novos comportamentos terapêuticos e a maior incidência ocorre em mulheres e no grupo acima de 50 anos. Esse estudo serviu para refletir sobre a importância do conhecimento da equipe sobre saúde mental e assim desenvolver ações que integrem a equipe, o paciente e a família.
Diante dos casos acompanhados pela UBS, podemos citar paciente X, 55 anos, sexo feminino, branca, casada, sem filhos, formada em Letras, porém trabalha como confeiteira, com diagnóstico de depressão. A paciente utiliza Clonazepam 2mg, um comprimido, à noite e Amitriptilina 25mg, um comprimido, pela manhã, há dois anos, de forma intermitente. Ela conta com apoio de seu esposo, mas tem problemas com a mãe e pouco apoio desta.
Logo que atendida pela UBS, a paciente foi encaminhada para o CAPS solicitando avaliação e tratamento para desmame do psicofármaco, bem como a ficha de contrarreferência para seguimento pela UBS. Além disso, foi realizada visita domiciliar para avaliar o panorama de sua moradia, onde se observou bom apoio e compreensão do esposo, mas não foi possível conhecer a mãe da paciente. No momento, a paciente estar em acompanhamento pelo psiquiatra e psicólogo com diminuição de dosagem dos medicamentos e reagendo bem a psicoterapia, além de ser avaliada pela médica da UBS uma vez no mês até a alta.
Na UBS, utilizou-se como estratégia reservar uma tarde para consultas referentes a saúde mental, para maior abordagem dos sintomas, tratamento e acompanhamento dos pacientes, além de planejar atividades educativas e em grupo com pacientes e familiares abordando a importância do apoio familiar na recuperação e sua integração na sociedade. Nos casos dos pacientes de diagnósticos mais severos, realiza-se visitas domiciliares uma vez ao mês.
Nas atividades em grupo e palestras, utilizamos como local a sala de espera da UBS, onde há maior diversidade de pessoas aguardando. Além disso, solicitamos apoio do psicólogo do CAPS no planejamento das palestras, participação dele uma vez ao mês nas ações educativas e na capacitação da equipe sobre a temática. Pretendemos atuar principalmente em atividades de orientação para diminuição do uso dos psicofármacos.
Em minha experiência, observamos que há um conhecimento geral por parte da equipe da UBS sobre saúde mental, observamos que devemos enfatizar a integração da família e a diminuição do uso de psicofármacos. Além de integrar atividades saudáveis como o exercício físico que ajuda a diminuir o estresse. Dessa forma, é um desafio para a equipe organizar as ações educativas e criar grupos de apoio para a consciência da população.
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