TÍTULO: PLANEJAMENTO REPRODUTIVO, PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO. ATENÇÃO PRIORIZADA E APERFEIÇONAMENTO NA UNIDADE DE SAÚDE.
Especializando: Dra Jema Espinosa Azcuy
Orientador: Maria Betânia Morais de Paiva.
Colaboradores: Dir. Maria Virginia de Siqueira
Enfermeiro Rómulo Pinto
Dra. Beatriz da Silva
ASC. Vinicius Sales
ASC. Eliana dos Santos
ASC. Fatima Riveiro
De acordo com a Autoavaliação de Melhoria do Acesso e Qualidade (AMAQ) realizada em nossa unidade de saúde, foram abordados alguns temas correspondentes ao planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério, identificando alguns pontos deficientes, chegando ao acordo na equipe de pensar ações no coletivo para corrigir essas fragilidades já que a Atenção Primaria de Saúde (APS) constitui uma porta de entrada para o acolhimento, acompanhamento e continuidade das diferentes etapas da vida das mulheres e homens da população adscrita. Após identificar as potencialidades e fragilidades neste acompanhamento, houve um debate e reflexão sobre a temática em análise.
Com relação ao planejamento reprodutivo foram debatidas as seguintes questões: Promovemos ações educativas, para homens e mulheres, sobre a decisão de ter filhos ou não? Na minha unidade de saúde se faz ações educativas sobre a decisão de ter filhos ou não, geralmente por meio de palestras e ações de saúde sobre o risco gravidez indesejada, planejamento reprodutivo, onde o público alvo são as mulheres e homens, mas por preconceitos existentes na população masculina poucos homens participam das atividades educativas, sendo um ponto deficiente na unidade, destacando-se como observação fundamental a falta de iniciativas por parte da equipe para o envolvimento dos homens nas atividades de saúde. Nessa direção, oram elaboradas estratégias para envolver a população masculina nas atividades educativas da equipe, para essa finalidade os parceiros das mulheres foram convidados pessoalmente pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) na visitas domiciliares, foram divulgados na sala de espera o cronograma de reuniões e exposição em cartazes com a data e horário.
Com relação ao questionamento: ofertamos métodos contraceptivos básicos à população? Abordamos adequadamente a necessidade de utilizá-los? Na unidade são ofertados métodos contraceptivos à população, constituindo principais ferramentas para o planejamento reprodutivo. Geralmente a oferta de contraceptivos é feita pelo enfermeiro ou médico da unidade, seja mulher ou homens. No caso de mulheres o enfermeiro encaminha para o médico orientar qual método contraceptivo a ser usado, em virtude de vários fatores a serem considerados como, por exemplo, a idade, doenças associadas, história obstétrica, exame físico, exames complementares. Na unidade os anticoncepcionais mais frequentemente usados e disponíveis são: preservativo e métodos hormonais. Além das sugestões sobre o planejamento reprodutivo que são feitas nas consultas programadas ou espontâneas ao pessoal em idade fértil, se faz palestras e ações educativas sobre a importância do anticoncepcional para planejamento reprodutivo e a prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), onde são apresentados os diferentes métodos, o uso e seus benefícios, a distribuição gratuita na unidade de saúde e a avaliação pelo profissional, em horários programados para o público alvo.
No que diz respeito aos pontos que se seguem: Discutimos conteúdos sobre diversidade sexual, relações de gêneros e prevenção de HIV/AIDS e outras DSTs? Podemos afirmar que o tema de diversidade sexual é bastante polêmico no mundo, além de que já existem países que é aprovado questões consideradas tabus em nossa realidade. Diante dessa constatação, esse é um tema é pouco discutido na saúde e quando se faz existem diferenças de critérios, geralmente na minha unidade de saúde são realizadas atividades educativas envolvendo vários temas em um só momento como relações de gêneros, prevenção de HIV e outras doenças transmissíveis, abordando pouco o tema da diversidade sexual. Desse modo foi planejado iniciar ações educativas com a população sobre a diversidade sexual, tentando diminuir os preconceitos, aumentando o acolhimento das pessoas independente de sua orientação sexual.
Os pacientes com doenças transmissíveis como o HIV são de notificação compulsória e devem ser notificadas. Na minha equipe se tiver alguma suspeita de HIV o usuário é acolhido pelo enfermeiro e médico, são realizados exames de diagnóstico e após da confirmação de HIV/AIDS são iniciadas as estratégias para o cuidado dos pacientes. O acompanhamento desses pacientes é crucial para o planejamento de seu cuidado, vale destacar importância do vínculo e confiança entre o profissional e o usuário onde o médico explica de forma detalhada a importância do acompanhamento, tratamento continuado e os riscos oriundos da descontinuidade do tratamento. Além do acompanhamento na Unidade Básica de Saúde (UBS) o paciente deve ser encaminhado para o Serviço de Assistência Especializada (SAE), além do tratamento realizado pelo SAE, a equipe de saúde faz o seguimento continuado para orientar, apoiar, coordenar o cuidado dos pacientes, avaliar a evolução deles com o tratamento, possíveis infeções e se as vacinas estão em dias e demais cuidados integrais.
Na questão apresentada: Tratamos adequadamente as DSTs diagnosticadas? A resposta é afirmativa, o diagnóstico é feito pelo enfermeiro ou médico, que faz o acompanhamento do paciente ao longo do tratamento, na consulta deve se realizar uma anamnese detalhada procurando antecedentes pessoais, vida sexual, exame físico geral e regional possível diagnóstico diferencial, exames complementares, e após do diagnóstico que pode ser clínico ou laboratorial, se indica o tratamento.
Discutimos saúde sexual em grupos (jovens, gestantes, idosos)? Sim se faz ações educativas sobre a saúde sexual, geralmente para jovens e gestantes. São poucas ações para a população idosa sobre esse tema e para jovens do sexo masculino que não costumam participar dessas atividades, constituindo um ponto deficiente na UBS, já que a vida sexual começa na adolescência e termina com a morte.
A atenção em saúde sexual e em saúde reprodutiva é uma das áreas de atuação prioritárias da atenção básica à saúde. Deve ser ofertada de modo sistemático, observando-se como princípio o respeito aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos, se considerando como elemento constituinte dos direitos humanos já reconhecidos em leis nacionais e documentos internacionais. A OMS define saúde sexual e reprodutiva como um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação a sexualidade, levando a ter uma vida sexual saudável, segura, ter experiências prazerosas e sexo seguro, livre de coerção, sem discriminação ne violência (BRASIL, 2013).
A saúde sexual é um tema importante a ser incorporado nos debates e ações de saúde na atenção básica, como vimos as questões relacionadas à saúde sexual são pouco trabalhadas, pois os profissionais sentem dificuldades para abordar o tema da sexualidade em função da polêmica, preconceitos e tabus. A partir dessa reflexão a equipe identificou a necessidade de se qualificar através de momentos de Educação Permanente em Saúde (EPS) sobre temas do cotidiano do serviço para enfrentar qualquer problema ou situação na perspectiva de desenvolver ações e serviços de saúde que alcancem todos os ciclos de vida.
Com relação ao cuidado com gestantes temos a seguinte questão norteadora: fazemos busca ativa das gestantes da unidade? Inclusive adolescentes? Sim, nas consultas médicas além das queixas apresentadas pelas pacientes, se faz um questionário buscando coletar informações sobre vida sexual ativa, uso correto de anticoncepcional, data de última menstruação e as característica gerais da paciente, além do registro no prontuário de informações relativas as primeiras relações sexuais, história Obstétrica e anticoncepcional em uso. Na ficha de atendimento individual no item: problema e condição/avaliada são registrados informações relativas à saúde sexual e reprodutiva de cada paciente e a conduta a seguir. Na minha UBS é frequente o início das relações sexuais antes dos 18 anos, constatando-se a necessitar de se incrementar mais ações de saúde e busca ativa, sendo responsáveis pela execução o enfermeiro, médico e ACS.
Quanto ao levantamento periódico das gestantes do bairro, incluindo as que fazem pré-natal em serviço privado. Esse acompanhamento é realizado de maneira sistemática, pois na minha área abrange três (3), cerca de 59% do total são mulheres. Dessa forma, é realizado um levantamento mensal das gestantes por comunidade, com ajuda dos ACS para o controle total das grávidas que faz acompanhamento na UBS ou no serviço privado, mas geralmente, as gestantes além do fazer acompanhamento com algum médico obstetra privado, frequentam as consultas indicadas na UBS e quase um 98% das grávidas do território são cadastradas no serviço e realizam a primeira consulta no primeiro trimestre da gravidez.
Se preenchemos adequadamente a caderneta da gestante? Sim, geralmente quando se faz o cadastro da gestante na primeira consulta se preenchem todos os antecedentes pessoais e familiares, antecedentes obstétricos Nº. gestações, partos ou cesáreas, causas, complicações e antecedentes de Abortos, procurando reunir a maior informação para prevenção de possível riscos ou complicações. Na caderneta da gestante existem várias questões a preencher como: idade, data de nascimento, No. Cartão SUS, Índice de Massa Corporal (IMC), Data da Última Menstruação (DUM), Data Provável do Parto (DPP), tipo de gravidez e sua classificação de risco, planejamento ou não da gravidez, se é desejada ou não, vacinas e atualizações, exame histopatológico, atendimento pré-natal da gestação atual com os parâmetros mais importantes que permita fazer uma evolução ao longo da gravidez tais como: idade gestacional e data, peso atual, pressão arterial, presença ou não de edemas, altura uterina, apresentação fetal e movimentos fetais, Ausculta dos Batimentos Cárdiacos Fetais (BCF), indicações e orientações. Também as Ultrassonografias e exames complementares por trimestres.
Solicitamos todos os exames complementares recomendados? Geralmente são indicados todos os exames nos três trimestres da gravidez, vai depender do tempo da primeira consulta da gestante, além das dificuldades com a realização dos exames pelo SUS, principalmente as ultrassonografias que pode comprometer a qualidade do pré-natal, em função da demora para sua realização.. Os exames indicados aqui nossa área são: tipagem sanguínea e fator Rh, hemograma, eletroforeses de hemoglobina, glicemia, urina e urocultura, exame histopatológico de colo uterino, teste rápido de sífilis e VDRL, teste de HIV, Hepatites B e C, Ag citomegalovírus, rubéola, toxoplasmose. Ao parceiro se suspeitar de alguma doença solicita-se o grupo e fator Rh se a gestante e Rh negativa, eletroforeses de hemoglobina, hepatites B e C, anti -HIV.
Tratamos as DSTs, quando diagnosticadas? Sim, as DSTs devem ser tratadas com extrema rapidez na gravidez por alto risco de complicações pré-natal, natal e pós- natal. Deve-se prestar atenção a alguns medicamentos com restrições para as grávidas, no primeiro trimestre sendo importante em alguns casos, o tratamento do parceiro. As DST mais frequentes na minha unidade são: gonorréia, clamidíases, vulvovaginetes, só temos uma grávida com HIV/AIDS.
Orientamos quanto aos cuidados nutricionais na gestação? Estimulamos hábitos de vida saudáveis? Sim, o acompanhamento da gestante geralmente é feito pela ESF: médico, enfermeiro, dentista, ACS. Caso necessário se faz o acompanhamento com o nutricionista e psicóloga que realizam ações individuais e coletivas sobre alimentação, com ênfase na higiene, atividade física, nutrição, medos referentes a gestação e parto, atividade sexual, prevenção das DSTs. Existe um marcador alimentar a ser aplicado em todas as consultas das gestantes, com o objetivo de corrigir e orientar a alimentação.
Orientamos sobre a importância de retornar para a consulta de puerpério? Sim, geralmente reforçamos na etapa pré-natal, sobre o acompanhamento no puerpério até 120 dias do pós-parto, ou cesárea, para prevenção de complicações. Nessa etapa é importante a avaliação de alguns critérios como: anamneses das diferentes etapas pré-parto, parto, e pós-parto, ou cesárea e possível complicações, amamentação, dor, sangramento, febre após 24 horas, queixas urinárias, exame físico, geral e regional.
Orientamos sobre amamentação? Sim, fator muito importante na etapa do recém-nascido, lactante e etapa puerperal, durante a gravidez e após do parto, na consulta de puerpério se dão orientações de como amamentar, as diferentes técnicas, e sua importância para a mãe e o bebê.
Sua equipe está organizada para este acompanhamento? Eu acho que sim, já que as ações de saúde para a melhoria de qualidade da atenção no planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério são identificadas precocemente e as medidas de intervenção são tomadas.
As propostas para transformar a realidade na minha ESF são: aumento das ações educativas; melhor preparação dos usuários nos temas identificados como deficientes; melhorar o acolhimento da população na UBS, nas diferentes ciclos de vida para orientar sobre os diferentes temas.
Na minha equipe teve uma ação de saúde destinada às mulheres grávidas, abordando como tema principal a prevenção de riscos durantes as diferentes etapas pré-natal, parto e pós-parto. Foi bastante interessante as gestantes tiveram oportunidade de esclarecer suas dúvidas, além da troca de experiências entre os profissionais e grávidas. Seria interessante que essas ações de saúde fossem realizadas com mais frequência. O principal desafio foi transporte e deslocamento das gestantes das comunidades mais distantes, acho que essas ações podem ser feitas entre várias Unidades de Saúde envolvendo uma maior quantidade de gestantes.
REFERÊNCIAS :
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 300 p. : il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 26)
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