TITULO: APERFEIÇOAMENTO DA SAÚDE MENTAL EM UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE ,EQUIPE 003, DENTRO DE UM MUNICIPIO EM SERGIPE,BRASIL.
ESPECIALIZANDO: YAMILÉ IRINA SIERRA QUIALA.
ORIENTADORA:MARIA HELENA PÍRES ARAUJO BARBOSA.
Este é um relato de experiência do processo de aperfeiçoamento da saúde mental na UBS (Unidade Básica de Saúde) Clínica da Família: Doutor Gilberto de Carvalho Filho, equipe nº 3, dentro de um município em Sergipe, Brasil. A quantidade de usuários de medicamentos controlados, como ansiolíticos, antidepressivos, reguladores de humor e benzodiazepínicos é alarmante.
O longo prazo dos indivíduos sem ser avaliados por pessoal médico especializado, a polifarmácia e o pouco fluxo das consultas, constitui uma problemática muito grande para o município. É muito desafiador mudar algo que os indivíduos estavam acostumados há muito tempo. Para conseguir isso, a equipe decidiu fazer um microintervenção com o objetivo de aperfeiçoar o acompanhamento dos usuários de saúde mental.
Para atingir esse objetivo foi feita uma reunião de equipe, com a participação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), auxiliar de enfermagem, enfermeiro e a médica, com o objetivo de identificar o número de usuários da área e identificar suas doenças. Para isso foi construída uma lista com o seguinte dados: nome completo, data de nascimento, endereço, ACS, Microárea, medicamentos utilizados e se eles foram acompanhados por especialistas em psiquiatria, psicologia, neurologia, Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF- AB) e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). A responsabilidade de oferecer esses dados é dos ACS porque eles ficam diretamente na área e a maioria conhece os usuários. Em virtude de termos duas áreas descobertas, sem ACS, a informação não ia ser completa, mas mesmo assim se trabalhou para conseguir os dados corretos.
Outra ação desenvolvida foi a definição da terça-feira a tarde como experiente para atendimento desses usuários. Esse dia foi escolhido por ser um período que possui menor quantidade de pessoas na Unidade Básica de Saúde (UBS) assim os pacientes ficariam mas a bondade. Além disso se decidi-o avaliar em consulta a totalidade dos pacientes da área, priorizando os casos mais severos, e outra das ações foi a suspenção da prescrição de receitas sem avaliação previa da médica da área e o psiquiatra do município, a maioria dos pacientes recebiam as receitas mediante os ACS sem comparecer a consulta.
Dentre as atividades há o encaminhamento para avaliação psiquiátrica de indivíduos com mais de 1 ano de uso medicamentos, além daqueles que relatam que o tratamento não surtiu efeito satisfatório. Também são encaminhados para reavaliação os usuários após 3 meses do início do tratamento. O atendimento do psiquiatra do município é na segunda-feira à tarde, com encaminhamento médico e agendamento prévio, os usuários são avaliados no prazo máximo de 20 dias. Além disso tem as vagas de urgência onde são avaliados os casos com sinais de agravamento, e o prazo para o atendimento é menor que uma semana.
A equipe almeja aumentar o uso de medicina complementar e alternativa, oferecendo tratamentos de origem natural aos usuários com insônia e ansiedade, assim como reavaliar no prazo de um mês os efeitos nesses usuários. Também se decidiu encaminhar os casos mais severos para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF – AB) partindo do objetivo de promover a inserção social dos usuários por meio de ações intersetoriais que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura e lazer, montando estratégias de enfrentamento dos problemas.
Os usuários do CAPS têm atividades individuais diárias, e de grupo semanalmente, desenvolvem atividades agrícolas, culinárias, de artesanato e pintura, além de atividades culturais de dança e música, assim como encontros esportivos. O ambiente do CAPS é acolhedor e tem horário accessível para todos os usuários. A equipe desse serviço desenvolve atividades de psicoterapia de apoio e dinâmica de grupo. Os usuários são acompanhados integralmente pelo psiquiatra, psicólogo, assistente social e equipe de enfermagem. A meta do CAPS é inserir a maior quantidade de usuários na vida cotidiana.
No caso do NASF – AB faz atendimento individual, tanto de psicologia como de terapia ocupacional, com encaminhamento médico relatando a história clínica do usuário, e a partir disso as ações são desenvolvidas. Ainda não tem grupos específicos de usuários, mas realizam atividades recreativas.
Além do psiquiatra no município, temos uma rede de apoio bem estruturada, que garante atendimento permanente do NASF – AB com psicóloga, terapêuta ocupacional, educador físico e o CAPS com toda estrutura profissional para ajudar a reabilitar e inserir na vida social a maior quantidade de indivíduos.
Temos muitas fragilidades como a grande quantidade de usuários e os diagnósticos errados, a automedicação, a polifarmácia e os longos prazos sem reavaliação pelo serviço especializado, visto que muitos usuários tem entre 5 e 10 anos como usuários. Esses fatores podem contribuir para o desenvolvimento de uma dependência química severa.
Outras fragilidades são o tráfico de drogas, o número de usuários de drogas lícitas e ilícitas em nossa área e o baixo número de consultas para esses usuários. Ademais, há pouca contrarefrerência do CAPS para a UBS e muitas vezes precisamos, quando precisamos de informações de usuários, temos que fazer busca ativas nos prontuários do CAPS.
Espero ter resultados favoráveis, conhecendo a maioria dos usuários da área, identificando os casos mais severos e acompanhado-os com maior frequência. Pretende-se também reduzir a maior quantidade possível de usuários o número de usuários que fazem uso de medicamentos psicotrópicos, desde que haja consonância entre o diagnóstico e tratamento. Também é desafio nosso aumentar a quantidades de usuários de drogas lícitas e ilícitas em nossa consulta, assim como melhorar a aceitação dos usuários para a medicina complementar e alternativa como tratamento alternativo.
Os resultados serão avaliados no final do mês em reunião da equipe. Nesse momento a médica informará a quantidade de indivíduos com sofrimento psíquico que foram avaliados e aqueles que foram encaminhados para serviço especializado, para que os ACS façam seus acompanhamentos nas áreas. Também serão avaliados os dados oferecidos pelo NASF – AB mediante os protocolos de atendimento que voltam para equipe arquivar.
É um desafio muito grande mudar situações relacionadas com a saúde mental da população, mas para nossa equipe a ideia de acompanhar a saúde mental de maneira certa também é garantia de qualidade de vida.
Ponto(s)