RELATO DE EXPERIENCIA III
TÍTULO: PLANEJAMENTO REPRODUTIVO. FORTALECIMENTO NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE.
ESPECIALIZANDO:Jose Luis Hernández Guerra
ORIENTADOR: Maria Betânia Morais de Paiva
De acordo com o Ministério da Saúde, planejamento familiar é o direito que toda pessoa tem à informação e ao acesso aos recursos que permitam optar livre e conscientemente por ter ou não ter filhos. O número, o espaçamento entre eles e a escolha do método anticoncepcional mais adequado são opções que toda mulher deve ter em relação ao direito de escolher de forma livre e por meio da informação, sem discriminação, coerção ou violência (BRASIL, 2002).
Isto implica o acesso à informação sobre métodos de contracepção e serviços de saúde apropriados que permitam a vivência da sexualidade de uma forma saudável, feliz e segura, bem como o planejamento de uma gravidez e parto nas condições mais adequadas.
A criação do Programa de Saúde da Família (PSF)e a do planejamento familiar como parte de suas ações demonstra que a saúde da família é umas das prioridades para a saúde pública, o que revela ser um indicativo de que o governo compreende a importância da família como sistema (BRASIL, 2004).
O planejamento familiar foi definido também como instrumento da assistência materno-infantil e advém de um processo de informação e de educação aos casais e à população em geral, sobre a reprodução, a importância da família na comunidade, o papel da mulher, o papel do pai e do filho dentro desse contexto e, finalmente, sobre as repercussões de tudo isso na comunidade (CARVALHO, 2005).
Esse planejamento, entre outras coisas, é importante para aproveitar melhor esse momento tão especial que é conceber uma nova vida. É preciso estar bem preparado para assumir tamanha responsabilidade.
O planejamento familiar, o pré-natal, o parto e o controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é direito de todo cidadão segundo a lei N°9263 de 12 de janeiro de 1996. A falta de planejamento pode gerar problemas sociais, pois pessoas sem condições de criar os filhos, muitas vezes, recorrem às instituições de adoção, ao aborto, ou simplesmente os abandonam nas ruas. Famílias muito pobres acabam ficando ainda mais pobres quando tem muitos filhos, não tendo o que comer e nem o que vestir. A taxa de natalidade nas classes menos favorecidas é consideravelmente maior e é causada pela falta de prevenção e informação. A educação também é um dos fatores (BRASIL, 2005).
A finalidade do planejamento familiar, como o próprio nome diz, é tornar a decisão de constituir família uma atitude pensada, desejada, feita de forma responsável, bem compreendida e assumida através da difusão de conhecimento e informação à população sobre métodos conceptivos e contraceptivos. É importante que as pessoas que querem formar um núcleo estejam conscientes da sua postura e preparadas para receberem filhos, tanto econômica quanto psicologicamente, de forma a propiciar um ambiente sadio e equilibrado para a sua prole (DINIZ, 2007).
Desenvolver esse trabalho não é tarefa simples, tendo em vista a alta complexidade que envolve o cuidado dos indivíduos e famílias inseridos em contextos diversos, onde é imprescindível realizar abordagens que considerem os aspectos sociais, econômicos, ambientais, culturais, entre outros, como condicionantes e/ou determinantes da situação de saúde. Isso exige uma nova postura e qualificação profissional, com enfoque não só para o indivíduo, mas também para a família e a comunidade, lembrando que, no contexto atual, as famílias assumem diferentes conformações, não apenas aquela de grupo nuclear específico, formado por pai, mãe e filhos. Além disso, é importante compreender a família também como um espaço emocional e social, onde podem se reproduzir as mais diversas formas de relações da sociedade(BRASIL, 2013).
Diante do planejamento familiar, a atuação dos profissionais de saúde na assistência à anticoncepção envolve, necessariamente, três tipos de atividades: Atividades educativas; Aconselhamento e Atividades clínicas devem ser elaboradas e desenvolvidas de forma integrada, (BRASIL, 2002).
Com relação a minha Unidade Básica de Saúde , Dr: Joaquim Saldanha, situada no município Mossoró, está localizada na periferia da cidade, região pobre, de população com baixos recursos, carente, área periférica e marginalizada da cidade. Com problemas higiênicos sanitários importantes,baixo nível escolar, sem fontes de trabalho, nem outras opções econômicas.Foram observadas algumas fragilidades em relação ao planejamento do sistema de atendimentos ao grupo de gestante por parte da equipe.
Apesar das atividades realizadas nas comunidades pela UBS, existe gestação sem planejamento familiar, entre adolescentes, mulheres maiores de 35 anos e com doenças crônicas, precisando ainda uma melhor sistematização no processo de promoção e prevenção de saúde, tanto nas comunidades como no serviço.
Nesse contexto, foi preciso mudar alguns aspectos e aprofundar os conhecimentos da saúde da mulher no planejamento familiar, assim como,identificar os riscos na atenção pré–natal e o planejamento do futuro de seus filhos e bem estar da família, com participação ativa de seus companheiros.
Foram realizadas consultas com material educativo sobre riscos da gestação na adolescência, em mulheres com doenças crônicas e mulheres maiores de 35 anos.
Elaboração de ações de planejamento reprodutivo, com a presença da mulher e seu parceiro, alertou acerca da necessidade de exames complementares, rastreamento de riscos, controle de doenças crônicas.
A equipe da unidade fez busca ativa das gestantes, aquelas que não apareceram na unidade ou recebem atendimento no serviço particular, para dar atendimento pelo menos de 95% às mulheres grávidas da área de saúde.
Foram planejadas de forma sistemáticas consultas a puerpério, para o acompanhamento e controle anticoncepcional se ajustando a os resultados da UBS quanto a atenção puerperal.
Foram feitas ainda, palestras para grupos de adolescentes, para mulheres em idade fértil, com desejo de ter filhos,tanto na comunidade como as áreas da UBS, abordando temas sobre formas de contracepção e uso correto dos mesmos, a importância do aleitamento materno exclusivo até 6 meses de vida, imunização, cuidados com a higiene, sono e desenvolvimento normal da criança, importância do acompanhamento de puericultura no 1º ano de vida da criança, entre outras.
No entanto, foi maior o comparecimento de gestantes para as atividades educativas que do que nas consultas individual, daí a necessidade de realizar uma busca ativa para resgatar as mulheres grávidas para a consulta do pré-natal.
Disponibilizamos uma agenda para aconselhamento individual e em grupos. Foi preciso o apoio de toda a equipe de saúde e participação da comunidade. Aproveitamos espaços abertos, locais na igreja da comunidade, escolas, local de consulta e outros.
Os resultados foram fortalecedores, permitiu troca de conhecimentos entre a população e equipe de saúde sobre a situação, além de incluir a população de forma ativa neste processo de aquisição de conhecimentos. O Trabalho em equipe deu como resultado uma resposta positiva para os objetivos planejados.
REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Assistência em planejamento familiar: manual técnico. Brasília: Ministério da Saúde; 2002.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 300 p.: il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 26)
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: Princípios e Diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 1. ed., 2. reimpr. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2011. 82 p. : il. – (Série C. Projetos, Programas e Relatórios).
Brasil. Ministério da Saúde. Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
CARVALHO, J.A.M., BRITO F. A demografia brasileira e o declínio da fecundidade no Brasil: contribuições, equívocos e silêncios. Revista Brasileira Estado e População, v. 22, n.2, p.351-369, 2005.
DINIZ, Débora. O que é deficiência. Editora Brasiliense (Coleção Primeiros Passos, 324), 96 pp., São Paulo 2007.
Organização Mundial De Saúde. Planejamento Familiar e População. Divisão de Saúde da Família. Benefícios do planejamento familiar para a saúde. 1995.
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