26 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

TÍTULO: A EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PLANEJAMENTO REPRODUTIVO, PRÉ-NATAL E PUERPÉRIO NA UBS JOSE CELESTINO

 

ESPECIALIZANDO: DAIME SANTANA

ORIENTADOR: ISAAC ALENCAR PINTO

 

            Nesse capítulo será apontado como ocorreu a microintervenção III, com o objetivo de mostrar foi realizada a educação em saúde sobre o planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério na UBS José Celestino e qual a importância dessa estratégia na prevenção de agravos a saúde da família, da mãe e do bebê.

            A princípio foi realizada uma reunião com a equipe de saúde para discutir qual o maior problema encontrado referente ao planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpério na Unidade. Durante a reunião, a equipe apontou que tínhamos como problema a não realização da educação em saúde e também não tínhamos um grupo de gestantes para ofertar orientações sobre a gravidez, pré-natal e puerpério e que isso precisava ser solucionado o quanto antes.

            A UBS José Celestino oferece orientações sobre planejamento reprodutivo para homens e mulheres que procuram a Unidade, oferecendo preservativos de forma gratuita, como orientações sobre qual método contraceptivo é o mais indicado.

Referente ao atendimento em pré-natal e puerpério, a Unidade atende aproximadamente 30 gestantes, acompanhadas em consultas do pré-natal e em visitas domiciliares, com cobertura de 80% das gestantes cadastradas na unidade. Ainda assim, fazemos busca ativa das gestantes, inclusive as adolescentes, feita pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Um levantamento periódico também é realizado mensalmente das gestantes do bairro, mesmo aquelas que fazem pré-natal em unidades privadas.

Na ESF realizamos atividades voltadas para educação em saúde com adolescentes sobre o planejamento familiar e o uso dos métodos contraceptivos, bem como a prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis.

            Entre essas atividades, há uma falha na educação em saúde voltada para as gestantes. Em relação ao problema da falta de educação em saúde, eu e a equipe estabelecemos um plano de ação com a criação do grupo de gestantes para podermos trabalhar com a promoção da saúde e prevenção.

Segundo Lopes et al (2010), a educação em saúde é uma estratégia de promoção em saúde que tem como objetivo trabalhar com a prevenção das doenças no âmbito do Sistema Único de Saúde. Essa promoção teve início com a Carta de Ottawa de 1986, através de uma estruturação mundial da saúde, envolvendo países da América Latina e Europa Ocidental.

Dessa forma, a promoção em saúde é caracterizada como “processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo” (OMS, 1986 apud LOPES et al, 2010, p.21).

Percebe-se que a base da promoção em saúde trata-se de conscientizar a população sobre a prevenção das doenças, e que a educação em saúde é uma das estratégias para tornar essa promoção possível em vários países e no Brasil.

Na UBS José Celestino, temos uma meta de trabalho de educação em saúde através da metodologia de grupos de risco, onde levaremos a informação para as doenças mais prevalentes, como hipertensos, diabéticos, gestantes, adolescentes, entre outros.

Segundo Ruiz, Lima e Machado (2004), a educação em saúde por si só, não tem como arcar com a responsabilidade de promover a saúde, pois para se ter saúde não basta a resolução de problemas biológicos. É necessário que haja integração de ações intersetoriais, tentando solucionar as necessidades sociais, econômicas, políticas, culturais e religiosas, visto que todos estes setores interferem na saúde das pessoas.

Gostaria de destacar que o foco do atendimento em grupo de educação em saúde é no planejamento reprodutivo, pré-natal e puerpérios, com as gestantes atendidas pela Unidade.

Assim, de acordo com os manuais do Ministério da Saúde de assistência ao pré-natal (2005), os temas a serem trabalhados com o grupo de gestantes com reuniões uma vez na semana durante o ano de 2018 serão:

 

  • Importância do pré-natal;
  • Cuidados de higiene;
  • A realização de atividade física, de acordo com os princípios fisiológicos e metodológicos específicos para gestantes, pode proporcionar benefícios por meio do ajuste corporal à nova situação. Orientações sobre exercícios físicos básicos devem ser fornecidas na assistência pré-natal e puerperal;
  • Nutrição: promoção da alimentação saudável (enfoque na prevenção dos distúrbios nutricionais e das doenças associadas à alimentação e nutrição – baixo peso, sobrepeso, obesidade, hipertensão e diabetes; e suplementação de ferro, ácido fólico e vitamina A – para as áreas e regiões endêmicas);
  • Desenvolvimento da gestação;
  • Modificações corporais e emocionais;
  • Medos e fantasias referentes à gestação e ao parto;
  • Atividade sexual, incluindo prevenção das DST/Aids e aconselhamento para o teste anti-HIV;
  • Sintomas comuns na gravidez e orientações para as queixas mais frequentes;
  • Sinais de alerta e o que fazer nessas situações (sangramento vaginal, dor de cabeça, transtornos visuais, dor abdominal, febre, perdas vaginais, dificuldade respiratória e cansaço);
  • Preparo para o parto: planejamento individual considerando local, transporte, recursos necessários para o parto e para o recém-nascido, apoio familiar e social;
  • Orientações e incentivo para o parto normal, resgatando-se a gestação, o parto, o puerpério e o aleitamento materno como processos fisiológicos;
  • Incentivar o protagonismo da mulher, potencializando sua capacidade inata de dar à luz;

 

Para o ano de 2019, pretende-se continuar com o grupo de gestantes atendidas na Unidade, com os seguintes temas:

 

  • Orientação e incentivo para o aleitamento materno e orientação específica para as mulheres que não poderão amamentar;
  • Importância do planejamento familiar num contexto de escolha informada, com incentivo à dupla proteção;
  • Sinais e sintomas do parto;
  • Cuidados após o parto com a mulher e o recém-nascido, estimulando o retorno ao serviço de saúde;
  • Saúde mental e violência doméstica e sexual;
  • Benefícios legais a que a mulher tem direito, incluindo a Lei do Acompanhante;
  • Impacto e agravos das condições de trabalho sobre a gestação, o parto e o puerpério;
  • Importância da participação do pai durante a gestação e o parto, para o desenvolvimento do vínculo entre pai e filho, fundamental para o desenvolvimento saudável da criança;
  • O direito a acompanhante de sua escolha durante o trabalho de parto, no parto e no pós-parto, garantido pelo Lei nº 11.108, de 7/4/2005, regulamentada pela Portaria GM 2.418, de 2/12/2005;
  • Gravidez na adolescência e dificuldades sociais e familiares;
  • Importância das consultas puerperais;
  • Cuidados com o recém-nascido;
  • Importância da realização da triagem neonatal (teste do pezinho) na primeira semana de vida do recém-nascido;
  • Importância do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança, e das medidas preventivas (vacinação, higiene e saneamento do meio ambiente).

 

Percebe-se que há uma continuidade dos temas que serão ainda abordados nesse ano de 2018 com o grupo de gestantes, pois a educação em saúde acompanha todo o pré-natal até o puerpério, até após o nascimento da criança, dando continuidade no atendimento da mãe e no acompanhamento e desenvolvimento infantil.

Ao utilizar a metodologia assistencial do grupo educativo com gestantes, o médico privilegia multidimensionar o atendimento, oportunizando momentos de troca de informações a respeito de vivências e comportamentos semelhantes em meio ao coletivo, integrando o grupo e fazendo-o sentir-se amparado e corresponsável na busca de estratégias promissoras de melhores condições de vida e saúde, direcionadas ao enfrentamento de mais uma experiência existencial (COELHO, MOTTA, 2005).

Portanto, trabalhar com o grupo de gestantes na UBS é um trabalho muito positivo e com grandes benefícios, tanto para as gestantes que aprendem a cada encontro um pouco mais sobre sua saúde, como para a equipe que também é capacitada para melhor acolher essas gestantes.

A Rede Cegonha é um pacote de ações para garantir o atendimento de qualidade, seguro e humanizada para todas as mulheres. O trabalho busca oferecer assistência desde o planejamento familiar, passa pelos momentos da confirmação da gravidez, do pré-natal, pelo parto, pelos 28 dias pós-parto (puerpério), cobrindo até os dois primeiros anos de vida da criança (BRASIL, 2013).

Esses grupos são muito importantes para o desenvolvimento da aprendizagem sobre a gestação e para preparar tanto a equipe de atendimento como a gestante para o momento do parto e do pós-parto.

 

REFERENCIAS

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Rede Cegonha. manual técnico/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

COELHO, D. F.; MOTTA, M. G. C. A Compreensão do mundo vivido pelas gestantes portadoras do vírus da imunodeficiência humana (HIV). Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre (RS), v. 26, n. 1, p. 31-41, abr., 2005.

LOPES, Maria do Socorro Vieira et al.  Análise do conceito de promoção da saúde. Texto contexto – enferm, Florianópolis, v. 19, n. 3, p. 461-468, Sept.  2010.   

RUIZ, V; LIMA, A; MACHADO, A. Educação em saúde para portadores de doença mental: relato de experiência. Rev Esc Enferm USP, 38(2):190-6, 2004.

 

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