TITULO : Uma atenção integral, sistemática e com qualidade em usuários com sofrimentos psíquicos.
ESPEZIALIZANDO: LEYMIS RAMIREZ MONTANO.
ORIENTADOR :CLEYTON CESAR SOUTO SILVA.
A organização Mundial da Saúde (2001) alerta que ocorre um aumento gradativo de indivíduos com transtornos mentais, chegando a aproximadamente, quatrocentos milhões de pessoas no mundo. (BRASIL 2001). Também é importante destacar que “Além das dificuldades e dos problemas que os indivíduos que possuem distúrbios mentais sofrem, eles ainda vivenciam situações nas quais são hostilizados por outros e convivem com a exclusão no dia a dia“(WAIMAN.et al;2012)
No Brasil, o processo de constituição da Política de Saúde Mental, teve como características centrais: a redução progressiva dos leitos em hospitais psiquiátricos e a expansão da rede de serviços substitutivos. Além, tomou como princípios a inclusão e a participação dos usuários, familiares e comunidade no processo e a manutenção das pessoas com transtorno mental em seu contexto social. Alicerçada nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), propõe estratégias que visam a mudança do paradigma biomédico procurando romper com a assistência voltada exclusivamente para a doença, o cuidado centrado na remissão dos sintomas e como a concepção sobre a periculosidade e incapacidade presumida da pessoa com transtorno mental. (BRASIL, 2007)
De acordo com as normas do Ministério da Saúde, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um serviço de saúde comunitário aberto, que oferece atendimento diário às pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, realiza acompanhamento clinico e reinserção social por meio do acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento de laços familiares e comunitários. Desenvolve atividades dentro e fora de seu espaço físico. (BRASIL, 2004)
Em nosso município é frequente nas UBS as demandas de usuários com sofrimento psíquico, na realidade não contamos neste momento com uma Rede de Atenção Psicossocial bem organizada, devido que somente existe um Centro de Atenção Psicossocial para dependentes de Álcool e outras drogas (CAPS AD), um Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPS I) para crianças e adolescentes até 18 anos, mas não contamos com CAPS para adultos. No momento no município temos um Psiquiatra que realiza consultas duas vezes por semana na UBS de referência Maria Tadeu, mas não funciona como CAPS. Os casos que precisam de internação hospitalar são encaminhados ao CAPS para adultos na capital do estado.
No caso da nossa Unidade Básica de Saúde, considero que está organizada com os requisitos mínimos do Programa de Melhoria de Acesso e da Qualidade da Atenção – PMAQ e apresenta várias deficiências que requerem de nosso acionar para garantir um melhor conhecimento dos paciente com sofrimento psíquico assim como o melhor seguimento dos mesmos, exemplo: os registros dos usuários em sofrimento psíquico, usuários em uso crônico de psicofarmacos e uso decorrente de álcool e outras drogas estão incompletos. Nós realizamos ações para pessoas que fazem uso crônico de psicofarmacos, mas achamos que não é suficiente pela importância e repercussão na saúde dos usuários, mas independentemente que nós não contamos com uma Rede de Atenção Psicossocial bem organizada, essas pessoas com sofrimento psíquico são bem acompanhadas pela equipe e atendidas com prioridade na unidade de saúde. O principal objetivo nesta microintervenção foi elaborar um instrumento para registrar as informações sobre as pessoas em uso decorrente de álcool, uso de psicotrópicos, e outras drogas e outros dados pessoais de interesse para a equipe. Além disso, realizar uma linha de cuidado tomando como referência um caso de pessoa atendida pela equipe e que precisa de uma atenção integral em Saúde Mental.
Para a realização desta microintervenção foi necessário fazer uma reunião com a equipe, onde todos os integrantes concordamos que a equipe precisava elaborar uma ficha espelho, onde podamos começar a registrar todas as informações que o PMAQ solicitará, de forma mais completa e organizada. (Anexo4).
Durante a reunião nos refletimos sobre as necessidades dos usuários com transtorno mental, que merecem especial atenção eles e a família que convivem com eles, para além de melhorar sua situação de saúde, melhorar o ambiente social, e familiar. Para o desenvolvimento do segundo objetivo desta microintervenção realizamos uma linha de cuidado num paciente atendido pela equipe, com ênfase em ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação.
Tratou-se de um usuário idoso de 78 anos de idade, viúvo, aposentado, com atendentes de Hipertensão Arterial Sistólica, em tratamento com Losartana 100 mg ao dia. O mesmo mora com sua filha, de 50 anos, diabética, além de um neto 39 anos, desempregado, usuário crônico de álcool sem tratamento por se negar a aceitar a doença. O senhor depois do falecimento da esposa há um mês começou a apresentar sintomas referidos pela filha, dados por depressão, quando alguma pessoa chega a visitar começa a chorar, fala todo o tempo da esposa falecida, chegando em ocasiões a não se alimentar. Nunca foi levado ao pronto atendimento devido a que o paciente referi que ele não está doente e que não queria receber tratamento algum. Foi notificada esta situação em nossa equipe pela agente comunitária de saúde que faz acompanhamento nessa área.
A equipe de saúde, de conjunto com a equipe de NASF realizou visita domiciliar à família. Foi avaliado cada membro da família e foram planificadas ações de forma individual em cada um deles. O usuário foi referenciado para consulta de Psiquiatria, para o qual o enfermeiro da equipe comprometeu-se a realizar a coordenação da consulta no centro de referência do município, para dar prioridade ao caso. O neto com uso crônico de álcool foi avaliado pela psicóloga da unidade e referenciado ao CAP para AD, e a filha de P.S. A continuou o seu acompanhamento pela equipe de saúde da família e o NASF.
Um dos grandes desafios que ainda temos que alcançar é a contrareferência dos pacientes que são atendidos no CAPS e demais serviços de saúde mental, devido que na maioria das vezes o médico que consulta aos pacientes não envia a contrareferência e nós ficamos com as informações que os pacientes e familiares podem nos oferecer.
Foi uma experiência muito boa para a nossa equipe, todos nós nos conscientizamos em que é necessário estar radicalmente próximo á população, promovendo vínculos duradouros considerando a família com uma unidade de cuidados,conhecendo o território e intervir em ele como nós fizemos especificamente com a família escolhida para cumprir a proposta da microintervenção. Além disso, a equipe gostou muito da maneira de distribuir as tarefas, para que todos se sentissem membros e responsáveis, que consideramos como uma fortaleza da ESF conjuntamente com o NASF.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
-BRASIL. Organização Mundial da Saúde. Relatório sobre saúde no mundo 2001.Saúde mental: nova concepção, nova esperança. Genebra: OMS,2001.
-BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Coordenação Geral de SM. Saúde no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília, 2004.
-BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde/ DAPE. Saúde mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança no modelo de atenção. Relatório de gestão 2003-2006. Brasília, 2007.
-WAIMAN M. A. P.et. al. Assistência de enfermagem ás pessoas com transtornos mentais e ás família na Atenção Básica. Revista Escola da Enfermagem da UPS, São Paulo jun.2012).
Ponto(s)