17 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO COMO FORMA DE QUALIFICAR A ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA

 

ESPECIALIZANDA: RENATA ALLANA DA COSTA PEREIRA

ORIENTADOR: DANIELE VIEIRA DANTAS

COLABORADORES: ANTONIELLY MATEUS NUNES, DOMINGOS AVELINO DA SILVA, EDMILSON PINHEIRO DE LIMA, FREDIANO RODRIGUES DE OLIVEIRA, MARISTELA DE ARRUDA DUARTE, NAYANA PRISCILLA LOURENÇO DE MACEDO, PEDRO VIANA DA SILVA, RANA DANIELE ALVES CLEMENTINO E ZAIRA CRISTINA DE ARAÚJO PAULO

 

A infância é um dos períodos mais importantes durante o desenvolvimento humano visto que grande parte das nossas potencialidades enquanto espécie são desenvolvidas durante essa fase da vida. Doenças que acometem a criança, sobretudo nos primeiros dois anos de vida, podem levar a graves consequências na idade adulta (BRASL, 2009). Dessa forma, promover e recuperar a saúde e o bem-estar das crianças é um dos pilares dos programas ofertados pela atenção básica, na modalidade de atenção chamada Crescimento e Desenvolvimento (CD).

A puericultura possui como objetivos básicos a promoção da saúde infantil, prevenção de doenças e educação da criança e sua família, através de orientações que antecedem os riscos de agravos à saúde, sendo capaz, dessa forma, de oferecer medidas de proteção mais eficazes (RICCO et al., 2005).

Os profissionais envolvidos nessa modalidade de atenção são considerados educadores em saúde e devem vislumbrar o cuidado com a criança muito além de uma vertente clínica. Eles têm que levar em consideração o contexto psicossocial e ambiental em que aquela criança e sua família estão inseridas, de modo a fornecer uma atenção em saúde de qualidade (ISSLER; LEONE; MARCONDES, 1999).

A consulta de CD engloba alguns objetivos principais, dentre os quais destacam-se: acompanhar o crescimento físico e desenvolvimento neuropsicomotor da criança no primeiros dois anos e vida; ampliar a cobertura vacinal; realizar educação alimentar e nutricional; assegurar a prevenção de acidentes e prevenção de lesões intencionais no ambiente doméstico; e estimular a promoção de saúde e prevenção de doenças mais prevalentes na comunidade (DEL CIAMPO et al., 2006).

A Estratégia de Saúde da Família III (ESF III) Poço Comprido, do município de Boa Saúde, Rio Grande do Norte (RN), iniciou a microintervenção através da convocação de uma reunião (Figura 1) para análise e resposta dos questionamentos realizados pelo Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB), no tocante à saúde da criança. A reunião ocorreu no dia 07 de agosto de 2018 e nela foi possível ver que contemplamos todos os pontos interrogados nas nossas atividades de trabalho.

 

Figura 1. Registro da reunião em equipe da ESF III Poço Comprido.

 

Na ESF, existe um registro das crianças do território que possuem menos de cinco anos, divididas por Agente Comunitários de Saúde (ACS), que são constantemente atualizadas por esses profissionais e pela enfermeira da unidade. Os ACS realizam essa atividade através da busca ativa desses pacientes nas visitas domiciliares do território. Na ocasião dessa atividade, colhem dados importantes sobre o estado de saúde da criança (se foram prematuras; qual o peso ao nascimento; se estão realizando acompanhamento regular de CD e se estão com calendário vacinal desatualizado). Todos os dados são repassados para a enfermeira, que atualiza as planilhas (Figura 2) e cruza as informações com as gestantes que eram acompanhadas na unidade no pré-natal.  

 

Figura 02. Registro da planilha que a equipe utiliza como forma de monitorar o quantitativo de crianças no território por ACS.

 

Todas as crianças menores de dois anos são estimuladas a comparecem à unidade junto de seus familiares para a realização das consultas de puericultura. Os atendimentos são intercalados entre enfermeira e médica, e seguem os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde expostos no Caderno de Atenção Básica – Saúde da Criança: Crescimento e Desenvolvimento (2012). A equipe utiliza a caderneta de saúde da criança para registro e acompanhamento do desenvolvimento e crescimento da criança, fazendo registro simultâneo da consulta nas folhas de atendimento individual que compõe o prontuário.

Em todas as consultas, registramos tanto na caderneta da criança quanto no prontuário se o calendário vacinal está atualizado; as medições para acompanhamento do crescimento; os marcos do desenvolvimento neuropsicomotor; o estado nutricional; o resultado do teste do pezinho; os sinais suspeitos de violência doméstica; e a ocorrência de acidentes.

Frisa-se à família, inclusive, a importância de zelar e trazer a caderneta da criança para unidade toda vez que a criança procura atendimento, seja dentro da consulta de CD ou na forma de demanda espontânea.

Até o presente momento, não possuímos casos de violência contra a criança confirmadas em nosso território. Porém, possuímos uma boa interação com a assistente social do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Diante de qualquer suspeita clínica, repassamos o caso e agendamos uma visita domiciliar multiprofissional para avaliar de modo profundo.

A equipe estimula o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e à introdução de alimentos saudáveis à dieta da criança a partir dos seis meses em todas as consultas de puericultura, bem como nas visitas domiciliares realizadas às puérperas na primeira semana de vida dos recém-nascidos, e em ações coletivas conjuntas com o NASF, seja no grupo da gestante ou através de atividades lúdicas no Programa Saúde na Escola (PSE), conforme Figura 3.

 

Figura 3. Ação conjunta realizada pela equipe com colaboração do NASF no PSE em uma escola do território, tendo como temática “Alimentação Saudável na Infância”.

Concluo após essa microintervenção que a equipe da ESF III Poço Comprido é capaz de fornecer uma atenção à saúde da criança de qualidade, tendo como pilar base para esse feito uma boa consulta de CD realizado por médica e enfermeira, além de ações conjuntas e apoio dado pelo NASF do município de Boa Saúde.

 

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

DEL CIAMPO, L.A. et al. O programa de saúde da família e a puericultura. Revista Ciência e Saúde Coletiva, v. 11, n. 3, p. 739-43, 2006.

ISSLER, H.; LEONE, C.; MARCONDES, E. Pediatria na atenção primária. 1. ed. São Paulo: Editora Sarvier, 1999.

RICCO, R.G. et al. Puericultura: temas de pediatria 80. São Paulo: Nestlé, 2005.

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