O ACOLHIMENTO À DEMANDA PROGRAMADA DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA LUIZA VANESSA DA SILVA, EM MOSSORÓ, RN.
ESPECIALIZANDO: ISVAN FELIPE GUTIERREZ NAVAS
ORIENTADOR: MARIA BETANIA MORAIS DE PAIVA
Essa microintervenção foi realizada sobre o acolhimento à demanda programada, voltado para uma análise do sistema piramidal da saúde e as falhas na continuidade do cuidado integral, sendo explorada através desse relato de experiência.
Após analisar a literatura sobre o acolhimento a demanda programada, chamo a atenção para o sistema de pirâmide da saúde, através das redes assistência da atenção em saúde, que é uma forma de organizar e evitar desperdício econômico garantindo uma assistência adequada a população.
Este modelo piramidal, de base alargada, densa, em razão de a atenção primária ser a principal porta de entrada do sistema e responsável pela resolução da maioria da necessidade de saúde da população, deve ser estruturada qualitativamente, com fixação de metas e a atribuição de garantir o acesso do usuário ou o seu caminhar na rede de atenção à saúde. Os serviços denominados de ‘regulação’ devem ser, na realidade, serviços que se integram à atenção primária, ordenadora de todo o modelo assistencial do SUS (SANTOS, 2018).
Visualizando a partir da área onde atuo percebo que temos várias deficiências para o não funcionamento dos fluxos da pirâmide. Temos a gestão que não faz uma análise epidemiológica para ver a necessidade real desta população e assim, aumentar o número de profissional e procedimentos nas áreas de maior requisição de serviços.
Também temos a falta de comprometimento dos profissionais especializados e profissionais trabalhadores com exames diagnósticos de maior complexidade, não interagindo com a gestão e nem com a base da pirâmide para discutir proposta de aprimoramento destes serviços e assim diminuir as filas de espera.
Diante desse problema na dificuldade do acolhimento à demanda programada relacionado à ineficácia do sistema de regulação e falta de profissionais especializados, foi necessário realizar essa microintervenção com o objetivo de melhorar esse sistema, oferecendo um acolhimento de qualidade aos usuários de saúde.
A organização dos serviços adequadamente ao ambiente e à cultura dos usuários, respeitando sua privacidade, favorece a qualificação da assistência prestada e pode intervir positivamente no estado de saúde do indivíduo e da coletividade (GUERREIRO; MELLO; ANDRADE, 2013).
O acolhimento vem sendo, ao longo do tempo, valorizado como prática e preconizado como característica do processo de trabalho na Estratégia de Saúde da Família (ESF) e atribuição comum a todos os membros da equipe multiprofissional, favorecendo a ampliação do acesso aos serviços da Atenção Primária à Saúde (APS). Todavia, encontram-se alguns desafios para a operacionalização e qualificação do acolhimento, a depender do profissional que o realiza, e como, por exemplo, a ausência de articulação em redes integradas (MITRE; ANDRADE; COTTA, 2012).
A APS deve atuar como se fora um filtro inicial, resolvendo a maior parte das necessidades de saúde (por volta de 85%) dos usuários e ordenando a demanda por serviços de maior complexidade, organizando os fluxos da continuidade da atenção ou do cuidado. Este papel essencial da atenção primária, tanto na resolução dos casos, quanto no referenciamento do usuário para outros níveis, torna-a a base estruturante do sistema e ordenadora de um sistema piramidal (SANTOS, 2011).
A atenção primária à Saúde (APS) tem sua funcionalidade em 100% dos casos de procura da unidade como porta de entrada do sistema de saúde, sendo o início da organização de toda a continuidade do cuidado, realizando a referência de pacientes para determinadas especialidades. Quando não há uma resposta devolutiva da referência (contra-referência) ou atraso nesta, há uma fragilidade e para melhorar essa fragilidade no sistema de regulação e quebra da continuidade do cuidado, foi necessário convocar uma reunião com a equipe de saúde, para elaborarmos uma estratégia de acolhimento de referência e contra-referência.
Após reunião com a equipe, houve a elaboração de uma estratégia para melhorar a dificuldade no sistema de contra-referência de atendimento na Unidade, a qual pode ser observada abaixo:
-Problema: dificuldade no sistema de contra-referência de atendimento na Unidade (demora);
-Meta para resolução do problema: criar um sistema de “Rede Viva” para transpor os muros da burocracia e favorecer o encaminhamento e acompanhamento dos pacientes;
-Ações: realizar um treinamento com a equipe para que a mesma possa compreender como funcionará esse sistema de rede viva na Unidade; colocar em funcionamento a clínica ampliada, que vê o paciente como um todo com enfoque no paciente e não apenas na doença;
-Período: três meses.
Como fragilidade na reunião, a equipe se mostrou receosa nessa mudança drástica na forma de atender os usuários de saúde, mas ao final compreendeu que será uma mudança realmente necessária para a melhoria da continuidade do cuidado.
Como potencialidade estão os vínculos pessoais e profissionais entre os gestores, médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos de enfermagem, ACS, que serão utilizados como uma rede vida de apoio ao sistema de referência.
Espera-se com a continuidade dessa estratégia que futuramente a Rede Viva possa ser uma realidade e o acolhimento a demanda programada seja qualificado positivamente pelos usuários de saúde como também, pela equipe de saúde da família.
Acredito que o grande desafio dessa realidade é a população, que menospreza o serviço oferecido nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), no nosso cotidiano percebemos isso quando ouvimos se referirem as UBS como “postinhos” como forma pejorativa ao espaço que consegue resolver 80% das necessidades em saúde da população. Com isso, avalio que falta educação em saúde para essa população conhecer melhor o sistema de saúde. E nós temos essa tarefa de educar essa população e organizar, qualificar e melhorar as nossas ações em saúde para assim adquirir a confiança no atendimento da atenção básica.
REFERÊNCIAS
SANTOS, Lenir. O Modelo de Atenção à Saúde se Fundamenta em Três Pilares: Rede, Regionalização e Hierarquização. 2011. Disponível em: < http://blogs.bvsalud.org/ds/2011/09/15/o-modelo-de-atencao-a-saude-se-fundamenta-em-tres-pilares-rede-regionalizacao-e-hierarquizacao/>. Acesso em 10 de julho de 2018.
GUERRERO, Patricia; MELLO, Ana Lúcia; ANDRADE, Selma Regina. O acolhimento como boa prática na atenção básica à saúde. Texto & Contexto Enfermagem [en linea] 2013.
MITRE, S. M.; ANDRADE, E. I. G.; COTTA, R. M. M. Avanços e desafios do acolhimento na operacionalização e qualificação do Sistema Único de Saúde na Atenção Primária: um resgate da produção bibliográfica do Brasil. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.17, n.8, 2012.
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