14 de setembro de 2018 / SEM COMENTÁRIOS / CATEGORIA: Relatos

RELATO DE EXPERIÊNCIA V

 

TÍTULO: ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA: CONSIDERAÇÕES E RELATO

ESPECIALIZANDO:RAPHAEL ALMEIDA SANTIAGO DE ARAUJO

ORIENTADOR: RICARDO HENRIQUE VIEIRA DE MELO

 

 

A atenção primária à saúde (APS) no contexto da Unidade Básica de Saúde constitui um fator prioritário em termos de atenção, prevenção e promoção do bem-estar da criança. A APS deve preconizar, nesse sentido, a qualidade e a resolutividade dos serviços de saúde prestados na comunidade. Para tal, deve estar estruturada de acordo com os chamados atributos ordenadores – essenciais e derivados.

Os atributos essenciais englobam aspectos relacionados ao primeiro contato, integralidade, longitudinalidade e coordenação. Aos atributos derivados, por outro lado, competem processos relacionados à orientação comunitária e familiar, considerando os fatores sociais, culturais e econômicos. Em harmonia, tais eixos possibilitam a consolidação da UBS enquanto elemento central da efetivação de políticas municipais e estaduais a partir de diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde através de determinados programas, tais quais o Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ) e sua interação com a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC).

Diante da breve introdução aos aspectos gerais acerca do papel da ESF no processo de saúde da criança, é cabível dar início ao relato em questão. Com base no eixo estratégico de promoção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral da criança, o texto estrutura-se em dois momentos principais.  O primeiro consiste na exposição objetiva, através de um questionário, das ações realizadas pela equipe na Unidade – levando em consideração a extensão dos serviços no contexto da comunidade. O segundo momento, todavia, configura-se como uma análise subjetiva do trabalho da equipe. A partir das considerações acerca dos aspectos positivos e negativos e das particularidades dos serviços providos, o texto constrói-se em um relato analítico enriquecedor e pragmático.

A partir de reuniões, foram realizados debates acerca dos principais componentes de atuação da Equipe de Saúde Familiar (ESF). A fim de atender a um propósito inicial mais direto, foi preenchido em conjunto um questionário acerca das ações preconizadas para o PMAQ/AB no contexto do núcleo de saúde da criança. Abaixo, segue a resolução do questionário disponibilizado pela biblioteca do módulo O crescimento e desenvolvimento: proteção e cuidados para crianças e suas famílias em situações de violência.

Através das observações destacadas mediante reuniões da equipe foi considerado que, apesar de contarmos com ações efetivas direcionadas ao acompanhamento, busca ativa e registro de mecanismos relacionados à promoção e à manutenção do bem-estar da criança, dispomos de alguns déficits.

Dentre eles, podemos destacar a carência no acompanhamento de crianças em situações de violência familiar em parceria com profissionais de outros serviços caracteristicamente psicossociais, tais como o CRAS e o Conselho Tutelar. Nesse âmbito, a atenção básica falha em sua missão de integralizar o bem-estar físico ao contexto geral de todos os vieses que compõem a efetivação da saúde da criança.

Adicionalmente, constatamos uma deficiência na busca ativa de crianças que nasceram prematuras ou apresentam consulta de puericultura atrasada. Além das implicações diretas do processo de saúde das crianças descritas nesses dois grupos, existem alguns fatores socialmente mais abrangentes a serem considerados. Por contribuir com a formulação de uma imagem distorcida do contexto epidemiológico da comunidade, a falha no registro de tais casos pode apresentar como consequência um modelo de gestão inadequado.

Embora seja necessária a elaboração de ações práticas as quais tenham por intuito suprir as limitações supracitadas, vale destacar também duas ações de impacto positivo realizadas pela nossa equipe. Dessa forma, proporcionamos o acesso facilitado à primeira consulta a crianças nascidas em uma semana, de modo que seja realizado o atendimento no dia e horário em que as mesmas encontram-se na UBS. Também contamos com a busca ativa de recém-nascidos na primeira semana de vida como o objetivo de solicitar o comparecimento à UBS para iniciar a puericultura.

A partir da experiência relatada, conclui-se que há alguns obstáculos a serem superados no caminho da integralização da saúde da criança. Para tal, faz-se necessária a comunicação entre a prática médica e a dimensionalização do cuidado a partir da elaboração de mecanismos que direcionam a gestão e organização do trabalho da ESF ao aspecto holístico do acolhimento no contexto da interação do profissional da saúde com a comunidade e a criança.

 

 

 

Quadro 1: Questionário da Microintervenção, 2018.

QUESTÕES

SIM

NÃO

A equipe realiza consulta de puericultura nas crianças de até dois anos (crescimento/desenvolvimento)?

x

 

A equipe utiliza protocolos voltados para atenção a crianças menores de dois anos?

x

 

A equipe possui cadastramento atualizado de crianças até dois anos do território?

x

 

A equipe utiliza a caderneta de saúde da criança para o seu acompanhamento?

x

 

Há espelho das cadernetas de saúde da criança, ou outra ficha com informações equivalentes, na unidade?

x

 

no acompanhamento das crianças do território, há registro sobre:

QUESTÕES

sim

NÃO

Vacinação em dia

x

 

Crescimento e desenvolvimento

x

 

Estado nutricional

x

 

Teste do pezinho

x

 

Violência familiar

 

x

Acidentes

x

 

A equipe acompanha casos de violência familiar conjuntamente com os profissionais de outro serviço (CRAS, Conselho Tutelar)?

 

x

a equipe realiza busca ativa das crianças:

QUESTÕES

sim

NÃO

Prematuras

 

x

Com baixo peso

x

 

Com consulta de puericultura atrasada

 

x

Com calendário vacinal atrasado

x

 

A equipe desenvolve ações de promoção do aleitamento materno exclusivo para crianças até seis meses?

x

 

A equipe desenvolve ações de estímulo à introdução de alimentos saudáveis e aleitamento materno continuado a partir dos seis meses da criança?

x

 

Fonte: elaboração própria, 2018.

 

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