TÍTULO : O MATRICIAMENTO EM SAÚDE MENTAL NA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA LUIZA VANESSA DA SILVA, EM MOSSORÓ, RN.
ESPECIALIZANDO: ISVAN FELIPE GUTIERREZ NAVAS
ORIENTADOR: MARIA BETANIA MORAIS DE PAIVA
COLABORADORES: ENFERMEIRA, AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE, DENTISTA E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM.
Este relato de experiência será sobre a microintervenção realizada diante do matriciamento em saúde mental que ocorre nos atendimentos da Equipe de Saúde da Família (ESF) Luiza Vanessa da Silva e sobre o uso de um caderno de psicotrópicos e sua importância.
Segundo o Ministério da Saúde (2011), o conceito de matriciamento ou apoio matricial se trata de um novo modo de produzir saúde em que duas ou mais equipes, num processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica.
No processo de integração da saúde mental à Atenção Primária em Saúde (APS) na realidade brasileira, esse novo modelo tem sido o norteador das experiências implementadas em diversos municípios, ao longo dos últimos anos. Esse apoio matricial tem estruturado em nosso país um tipo de cuidado colaborativo entre a saúde mental e a APS (BRASIL, 2011; SEVERINO, 2007).
Tradicionalmente, os sistemas de saúde se organizam de uma forma vertical (hierárquica), com uma diferença de autoridade entre quem encaminha um caso e quem o recebe, havendo uma transferência de responsabilidade ao encaminhar. A comunicação entre os dois ou mais níveis hierárquicos ocorre, muitas vezes, de forma precária e irregular, geralmente por meio de informes escritos, como pedidos de parecer e formulários de contrarreferência que não oferecem uma boa resolubilidade (BRASIL, 2011).
A nova proposta integradora visa transformar a lógica tradicional dos sistemas de saúde: encaminhamentos, referências e contrarreferências, protocolos e centros de regulação. Os efeitos burocráticos e pouco dinâmicos dessa lógica tradicional podem vir a ser atenuados por ações horizontais que integrem os componentes e seus saberes nos diferentes níveis assistenciais (BRASIL, 2011; STOCKINGER, 2007).
Segundo o Ministério da Saúde (2011), na horizontalização decorrente do processo de matriciamento, o sistema de saúde se reestrutura em dois tipos de equipes:
Na situação específica do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, as equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) funcionam como equipes de referência interdisciplinares, atuando com uma responsabilidade sanitária que inclui o cuidado longitudinal, além do atendimento especializado que realizam concomitantemente. E a equipe de apoio matricial, no caso específico desse guia prático, é a equipe de saúde mental.
O apoio matricial é distinto do atendimento realizado por um especialista dentro de uma unidade de atenção primária tradicional. Ele pode ser entendido como um suporte técnico especializado que é ofertado a uma equipe interdisciplinar em saúde a fim de ampliar seu campo de atuação e qualificar suas ações (BRASIL, 2011).
Dessa forma, quando um paciente procura a UBS para tratamento, se este for avaliado pelo clínico como paciente de saúde mental, será encaminhado para um psiquiatra no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) ou para um psicólogo, no Núcleo de Apoio em Saúde da Família (NASF).
Portanto, quando este paciente é referenciado para o CAPS, o psiquiatra elabora seu atendimento. Assim, quando este paciente retorna à Unidade Básica de Saúde (UBS) para acompanhamento, é elaborado o Projeto Terapêutico Singular (PTS), com todas as anotações cabíveis, inclusive entrando em contato com o CAPS para coletar as informações necessárias.
A equipe do CAPS e do NASF atende a equipe da UBS de maneira satisfatória, sempre nos passando as informações necessárias para dar continuidade ao tratamento do paciente.
Quando eu cheguei para trabalhar na respectiva Unidade de Saúde, não havia um livro de registro de psicotrópicos, realmente sendo uma falha no sistema de atendimento e acompanhamento. Mediante a isso, convoquei uma reunião de urgência com toda a equipe, durante uma sexta feira, com três horas de duração, onde foi debatido a importância de colocar em prática um livro de registro que deverá ser preenchido pelo médico, pela enfermeira ou por um auxiliar de enfermagem, cabendo quem estiver disponível no momento.
Assim, ficou estabelecido a abertura de um livro de registro específico para os psicotrópicos, conforme figura abaixo:
Figura 01 – Livro de Registro Específico de psicotrópicos
O livro trás informações sobre a Data da consulta e da receita, o histórico (com nome do paciente e unidade de acompanhamento (CAPS ou NASF), o movimento da medicação como entrada e saída, assinatura do responsável pelo preenchimento e observações.
Após essa implementação, a organização dos atendimentos de medicamentos psicotrópicos melhorou cerca de 90%, pois sempre faltam coisas a serem organizadas no ambiente de trabalho e de atendimento. Como fragilidade aponto a falta de conhecimento da equipe sobre um livro de registro. Como potencialidade posso dizer que mesmo com a fragilidade, não se pode desistir de querer sempre o melhor para nossos pacientes.
Além disso, um exemplo de caso atendido por mim como médico da unidade, foi de uma paciente que apresentava quadro de esquizofrenia, com sinais de alucinação e perturbação mental. Quando ela veio ser atendida na Unidade, foi referenciada ao CAPS para receber atenção especializada. Em atendimento com o psiquiatra do CAPS, a paciente recebeu um Projeto Terapêutico Singular e recebeu algumas medicações psicotrópicas que devem ser retiradas no próprio CAPS, e foi contrareferenciada à UBS para acompanhamento do caso. Isso mostra como funciona o processo de referencia e contrareferencia entre a Unidade e o CAPS.
Espero com a continuidade dessa microintervenção um atendimento cada vez mais organizado, priorizando a continuidade e longitudinalidade do cuidado em saúde mental junto ao matriciamento com o CAPS e NASF para melhorar cada vez mais o atendimento.
REFERENCIAS
BRASIL Ministério da Saúde. Guia prático de matriciamento em saúde mental / Dulce Helena Chiaverini (Organizadora) [et al.]. [Brasília, DF]: Ministério da Saúde: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 2011. 236 p.; 13×18 cm.
STOCKINGER, R. C. Reforma psiquiátrica brasileira: perspectivas humanistas e existenciais. Rio de Janeiro: Vozes, 2007.
SEVERINO, Antonio Joaquim – Metodologia do Trabalho Cientifico– 23 ed. São Paulo: Cortez, 2007.
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